
- Bradesco BBI rebaixa Azul e alerta para possível recuperação judicial
- Oferta de ações tem baixa adesão e caixa da empresa despenca 49%
- Governo atrasa liberação de crédito crucial para garantir liquidez
A companhia aérea Azul (AZUL4) está sob forte turbulência financeira, e o Bradesco BBI acaba de emitir um alerta que agitou o mercado. O banco rebaixou a recomendação das ações da empresa de outperform (compra) para marketperform (neutro). Assim, citando risco crescente de uma nova reestruturação financeira, possivelmente nos moldes do Chapter 11, modelo de recuperação judicial dos Estados Unidos.
O cenário para a empresa se deteriorou rapidamente. Segundo o Bradesco BBI, os atrasos na esperada liberação de garantias por parte do governo federal, estimadas em até R$ 2 bilhões, estão afetando diretamente a liquidez da companhia.
Esse montante seria utilizado como respaldo para a emissão de novas dívidas, medida vista como crucial para aliviar a pressão sobre o caixa da Azul. No entanto, as sucessivas postergações colocam a companhia em posição cada vez mais frágil.
A situação se agravou após a baixa adesão à recente oferta de ações, voltada à conversão de US$ 275 milhões em notas com vencimento em 2029 e 2030. O objetivo da oferta era reduzir a alavancagem e aliviar o fluxo de caixa. Mas, a pouca participação de investidores impediu a conversão de outros US$ 100 milhões em dívidas, frustrando os planos da administração.
Decepção e queda
Além disso, os números do primeiro trimestre de 2025 decepcionaram. O Ebitda caiu 2% na comparação anual, somando-se a uma queima de caixa de R$ 313 milhões nas operações. Contudo, o que levou a posição de caixa da Azul a despencar para R$ 655 milhões, uma queda de impressionantes 49% em relação ao trimestre anterior.
O desempenho operacional fraco teve como principais vilões a desvalorização de 18% do real frente ao dólar e desafios internos, como custos elevados e gargalos operacionais.
O Bradesco BBI também revisou suas projeções para 2025, estimando um Ebitda de R$ 7,1 bilhões, alinhado ao consenso de mercado. No entanto, o banco ressalta que esse resultado depende fortemente de fatores externos e de uma melhora na estrutura de capital.
O preço-alvo das ações foi reduzido drasticamente para R$ 1,30, com base na hipótese de conversão de aproximadamente R$ 3 bilhões em dívidas a preços atuais. Dessa forma, o que pode gerar uma diluição expressiva para os acionistas.
A leitura do mercado é clara: a Azul enfrenta um momento crítico, no qual cada decisão (ou indecisão) pode ser determinante para sua sobrevivência financeira. A hipótese de recuperação judicial não é mais remota e começa a ser debatida abertamente entre analistas e investidores.
Enquanto a empresa tenta negociar com credores e o governo, o ambiente permanece altamente volátil. A confiança do mercado balança, e o futuro da Azul passa a depender cada vez mais da velocidade com que medidas concretas serão tomadas para conter a crise de liquidez.
A Azul, por ora, não comentou oficialmente as observações do Bradesco BBI, mas fontes próximas à companhia afirmam que negociações seguem em andamento com autoridades e investidores para tentar destravar novas fontes de financiamento. Até lá, o alerta do mercado permanece aceso: a turbulência ainda está longe de acabar.