- Indicação de Paulo Couto para substituir Fernando de Rizzo gera tensão entre acionistas e reação de fundos contrários.
- Grupo de investidores afirma que atual CEO entregou bons resultados e liderou a expansão com responsabilidade.
- Caso reacende debate sobre transparência, interferência estatal e equilíbrio entre acionistas em empresas de capital aberto.
Um grupo de fundos minoritários se posicionou contra a proposta da BNDESPar e da Previ de substituir o atual CEO da Tupy, Fernando de Rizzo. A disputa, revelada nesta segunda-feira (24), acirra o ambiente de tensão entre acionistas da fabricante de autopeças, que tem capital aberto e forte presença no mercado internacional.
Tensão cresce com proposta liderada por BNDESPar e Previ
A BNDESPar e a Previ, donas de cerca de 30% da Tupy, apresentaram formalmente uma proposta para a troca do CEO em exercício. A indicação do nome de Paulo Couto, executivo que ocupou cargos na General Electric, para liderar a companhia, provocou reação imediata de fundos minoritários e gestores que acompanham de perto a governança da empresa.
Apesar dos outros que também fizeram proposta afirmarem que a mudança visa a “renovação estratégica”, os fundos contrários à troca argumentam que Fernando de Rizzo vem entregando bons resultados e conduzindo a Tupy com responsabilidade e foco no crescimento sustentável. Em 2024, a companhia reportou recorde de receita líquida e ampliou suas exportações, mesmo diante de um cenário desafiador no setor automotivo global.
Além disso, os críticos apontam que a proposta ignora as práticas modernas de governança e enfraquece a independência do conselho de administração. A possível interferência política também gera desconforto entre os investidores institucionais, que preferem decisões baseadas em mérito técnico e histórico de desempenho.
Fundos cobram transparência e reforço da governança
Os fundos que se opõem à mudança na liderança divulgaram uma carta conjunta pedindo maior transparência no processo de indicação de executivos.
O grupo, que reúne investidores com participação relevante no capital da empresa, destaca que mudanças dessa natureza devem ser debatidas com o mercado e justificadas com base em dados objetivos.
Além disso, o histórico positivo do atual CEO fortalece o argumento da permanência. Desde que assumiu o cargo, Rizzo liderou a expansão da empresa para novos mercados, implementou ganhos operacionais importantes e reduziu custos em áreas estratégicas. Portanto, os fundos consideram que a continuidade é, neste momento, a opção mais prudente.
Conselho deve analisar cenário antes da assembleia
A proposta de substituição de Fernando de Rizzo será analisada em assembleia geral marcada para abril. Até lá, conselheiros independentes e a diretoria da Tupy devem se reunir para avaliar os impactos institucionais da possível troca e ouvir os acionistas de forma mais ampla.
Enquanto isso, o mercado acompanha com atenção o desenrolar da disputa. As ações da Tupy (TUPY3) tiveram variação moderada na bolsa nesta semana, refletindo a incerteza quanto aos rumos da governança da companhia.
Por outro lado, especialistas ressaltam que a companhia mantém fundamentos sólidos e bom posicionamento no mercado externo, o que reduz o risco imediato de deterioração operacional. Ainda assim, a estabilidade da liderança executiva é vista como peça-chave para garantir previsibilidade em um ano marcado por desafios industriais e macroeconômicos.
Governança volta ao centro das decisões corporativas
O episódio reacende o debate sobre a importância da governança em empresas com controle pulverizado e participação relevante de investidores públicos. Embora a BNDESPar e a Previ tenham peso no capital, a decisão final deve considerar os demais acionistas, o histórico da gestão atual e os impactos de uma mudança abrupta.
Além disso, o caso pode influenciar outras companhias listadas em bolsa, principalmente aquelas com participação de fundos estatais em sua estrutura acionária. Portanto, o desfecho da disputa na Tupy poderá gerar efeitos mais amplos no mercado.