Apesar da queda no preço internacional do petróleo, com o barril do tipo Brent fechando a US$79,29, a gasolina e o diesel no Brasil ainda apresentam defasagens significativas em relação aos preços externos. O cenário de defasagem é um tema importante que será debatido na reunião do conselho de administração da Petrobras, agendada para o próximo dia 29 de janeiro. De acordo com as últimas análises de consultorias e entidades como StoneX, CBIE, e Abicom, a diferença do diesel varia entre 12,2% e 23,6%, enquanto a gasolina está entre 8,5% e 15% abaixo do preço internacional.
As razões para essa defasagem incluem a política de preços da Petrobras, que abandonou a paridade de importação (PPI) em maio de 2023, visando reduzir os impactos da volatilidade do mercado internacional sobre o mercado interno. A gasolina da Petrobras, segundo a StoneX, está 11,2% abaixo da paridade de importação, o que corresponde a uma defasagem de R$0,33 por litro. No diesel, a diferença chega a R$0,82, ou 23,6%, em relação ao preço de mercado externo.
Thiago Vetter, analista da StoneX, em entrevista ao jornal Valor Econômico, explicou que fatores como o aumento da demanda por diesel nos Estados Unidos, devido ao frio intenso, e o impacto do câmbio, têm interferido diretamente na cotação dos combustíveis. Já o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) calcula que a defasagem do diesel da Petrobras chega a 18,7%, o que representa uma diferença de R$ 0,81 por litro.
Segundo o Itaú BBA, a estratégia adotada pela Petrobras visa mitigar os impactos da volatilidade global. A presidente da companhia, Magda Chambriard, destacou que essa estratégia permite “abrasileirar” os preços, tornando-os mais previsíveis, e contribuindo para a estabilidade no mercado interno, apesar da defasagem.
Com a possível implementação de aumentos de ICMS a partir de 1º de fevereiro, o cenário de preços mais altos para o consumidor é uma realidade cada vez mais iminente.
Indicadores
Dados mais recentes indicam que, no ano, o aumento da commodity já supera 8%. A gasolina, por exemplo, teve um aumento significativo no mercado internacional, o que agravou a defasagem nos preços internos. A situação se complica com as condições macroeconômicas adversas, em especial o dólar elevado, que impacta diretamente os custos de importação.