
- Aura Minerals lança oferta de ações nos EUA entre US$ 210 milhões e US$ 290 milhões e vai estrear na Nasdaq em 16 de julho.
- Empresa usará recursos para pagar aquisição da Serra Grande e acelerar projetos nas minas em operação.
- Mudança de listagem para os EUA busca ampliar liquidez, atrair analistas e reduzir defasagem no múltiplo de valor de mercado.
A Aura Minerals deu início a uma nova etapa de sua trajetória internacional. Assim, a mineradora brasileira, que já lista ações em Toronto e BDRs na B3, lançou uma oferta pública inicial nos Estados Unidos e começará a negociar na Nasdaq. A operação poderá levantar entre US$ 210 milhões e US$ 290 milhões, dependendo da demanda.
Nesse sentido, o pricing da oferta, ou seja, a definição oficial do preço por ação — está marcado para 15 de julho, logo após o fechamento dos mercados. No dia seguinte, a companhia tocará a campainha da Nasdaq, oficializando sua estreia em uma das principais bolsas do mundo. Desse modo, com a mudança, os BDRs negociados no Brasil passarão a ter como lastro as ações dos EUA, e a empresa deve iniciar o processo de saída da bolsa canadense nos próximos meses.
Oferta robusta e recursos voltados para expansão
Na oferta-base, a empresa está colocando 8,1 milhões de ações, com referência no valor de US$ 26,19 por papel, preço de tela já convertido do dólar canadense. Esse movimento pode render US$ 210 milhões inicialmente. Contudo, o volume total pode subir com a inclusão dos lotes adicionais: um greenshoe de 15% (1,2 milhão de ações) e um hot issue de até 20% (1,9 milhão de ações). Se os investidores exercerem todos os lotes, a empresa vai captar US$ 290 milhões.
A empresa vai destinar parte dos recursos da oferta para pagar a aquisição da Mineração Serra Grande, comprada da AngloGold em junho por US$ 76 milhões. A empresa também prevê um capex adicional de US$ 20 a 30 milhões para modernizar a operação da mina. O restante será direcionado ao desenvolvimento orgânico de ativos já em operação.
Além de reforçar o caixa, a oferta pretende turbinar a liquidez das ações, que hoje gira em torno de US$ 3,5 milhões por dia no Brasil e valor semelhante no Canadá.
Mudança de base e nova fase nos EUA
Fontes próximas à companhia explicam que a decisão de migrar para a Nasdaq busca consolidar a liquidez e a base de investidores em uma bolsa com maior visibilidade global. A Aura acredita que isso pode melhorar sua avaliação de mercado, que hoje está abaixo dos pares listados no Canadá.
Além disso, segundo investidores, a Aura negocia a 0,8x seu NAV, embora a própria empresa se avalie entre 0,6x e 0,7x. Para efeito de comparação, mineradoras semelhantes operam com múltiplos acima de 1x, chegando a 1,3x em alguns casos. Com a maior cobertura de analistas após a operação, espera-se que o mercado reavalie esses números.
Portanto, o novo sindicato de bancos deve aumentar a visibilidade institucional da Aura Minerals, com destaque para Goldman Sachs, BofA, Itaú BBA e outros grandes nomes.
Oferta impulsiona reprecificação do papel e cobertura de analistas
A entrada na Nasdaq é estratégica não só para ampliar o acesso ao mercado global, mas também para atrair novos investidores institucionais. A nova oferta e a maior liquidez devem ampliar a cobertura de analistas e ajudar na reprecificação da empresa, alinhando-a aos pares internacionais.
Ademais, ainda que mineradoras de ouro sejam avaliadas por NAV, essa métrica envolve muita subjetividade. Cada analista pode incluir ou excluir projetos do cálculo, além de aplicar diferentes premissas sobre viabilidade comercial ou vida útil das minas. Esse cenário torna ainda mais relevante o esforço da Aura para reposicionar sua imagem no mercado.
Desse modo, com mais visibilidade e recursos, a Aura Minerals deve acelerar projetos em andamento e buscar aumentar seu valor de mercado nos próximos trimestres.