Maior operadora aérea

Azul e Gol assinam fusão dominando 60% do mercado aéreo brasileiro

Companhias aéreas negociam união estratégica, com aprovação prevista para 2026, após resolução da recuperação judicial da Gol nos EUA.

Gol e Azul - Reprodução: Redes sociais
Gol e Azul - Reprodução: Redes sociais
  • Azul e Gol assinam memorando de entendimento para fusão, que pode resultar em uma nova companhia controlando 60% do mercado aéreo brasileiro
  • A nova empresa terá uma governança compartilhada, com John Rodgerson, CEO da Azul, assumindo a presidência após aprovação regulatória em 2026
  • A fusão depende da Gol reduzir sua alavancagem para 4,5 vezes até abril de 2025; caso contrário, o acordo será descartado.

As companhias aéreas Azul e Gol deram um passo importante rumo à fusão nesta quarta-feira (15), ao assinarem um memorando de entendimento. Caso a união se concretize, o novo grupo aéreo será responsável por 60% do mercado de aviação brasileiro. Assim, tornando-se a maior operadora do setor no país.

A fusão ainda depende da conclusão da recuperação judicial da Gol nos Estados Unidos, o que deve ocorrer até abril deste ano. No entanto, antes de avançar para as próximas etapas.

O memorando divulgado ao mercado financeiro traz detalhes importantes sobre o processo de fusão. Que incluirá, no entanto, a formação de um novo conselho administrativo e a estrutura de governança da empresa resultante.

De acordo com o acordo, a nova companhia terá três conselheiros indicados pela Abra, holding que controla a Gol e a Avianca, três representantes da Azul e três membros independentes.

A presidência do conselho será assumida por um membro da Abra. Enquanto o CEO do novo grupo será o atual presidente da Azul, John Rodgerson, que comandará a nova companhia após a aprovação da fusão pelas autoridades brasileiras. Assim, como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A previsão é que essa aprovação ocorra em 2026.

A nova companhia operará sob um modelo de “corporation“, ou seja, uma estrutura sem um controlador único, com a Abra como maior acionista. Porém, a definição dos percentuais exatos de participação de cada uma das companhias aéreas só será conhecida após a conclusão da renegociação das dívidas da Gol nos Estados Unidos.

Marcas independentes e compartilhamento de recursos

Apesar da fusão, as marcas Gol e Azul continuarão a operar de forma independente. As duas empresas poderão realizar voos compartilhados, com uma usando as aeronaves da outra.

Essa integração, portanto, tem como objetivo aumentar a conectividade entre grandes cidades e expandir a oferta de destinos regionais. Dessa forma, oferecendo mais opções e flexibilidade aos passageiros.

Um ponto importante do memorando é que, para viabilizar a fusão, nenhuma das companhias fará novos investimentos financeiros.

O acordo será baseado apenas em ativos já existentes. A Azul continuará sua política de aquisição de aeronaves da Embraer. E, além disso, buscará explorar sinergias nos voos internacionais, ampliando seu alcance global.

Condicionalidades e metas financeiras

Um dos critérios essenciais para a realização da fusão é que a alavancagem financeira combinada das duas companhias não ultrapasse o nível da Gol após a conclusão de sua recuperação judicial.

A alavancagem, que é o uso de recursos de terceiros para ampliar a capacidade de investimento, será um fator determinante para que o negócio siga em frente.

A Gol, que já possui uma alavancagem de 5,5 vezes, estabeleceu como meta reduzir esse indicador para 4,5 vezes até o final da recuperação judicial, em abril de 2025. Caso esse parâmetro não seja alcançado, a fusão poderá ser descartada.

Até o terceiro trimestre de 2024, a Gol já havia iniciado ações para reduzir sua alavancagem e melhorar sua saúde financeira. A companhia espera, portanto, concluir a reestruturação de suas dívidas e estabilizar suas finanças para garantir a continuidade do processo de fusão com a Azul.

Impactos no mercado aéreo e perspectiva futura

Se concretizada, a fusão entre Azul e Gol terá um impacto significativo no mercado de aviação brasileiro. Juntas, as duas empresas dominariam 60% do mercado, fortalecendo sua posição frente aos concorrentes. E, assm, criando uma companhia mais robusta para enfrentar os desafios econômicos e competitivos do setor.

A combinação de suas operações deve gerar importantes sinergias e oferecer mais eficiência operacional. Além de ampliar a oferta de destinos e frequências para os passageiros.

No entanto, a aprovação da fusão pelas autoridades regulatórias brasileiras, incluindo o Cade e a Anac, será um passo crucial para garantir que o negócio siga em frente sem implicações anticompetitivas.

As empresas também terão que demonstrar que sua união beneficiará os consumidores, com melhorias na conectividade e oferta de serviços.

A fusão entre Azul e Gol promete ser um marco no setor aéreo brasileiro, não apenas por consolidar duas das maiores empresas do país, mas também por representar uma estratégia agressiva para enfrentar as dificuldades econômicas e a intensa concorrência no setor de aviação.

Com uma governança compartilhada e a promessa de sinergias, a nova companhia tem potencial para transformar o cenário da aviação brasileira nos próximos anos.