Banco Central americano abre o jogo sobre criptomoedas e choca o mercado

Uma declaração bombástica de um dos chefões do Federal Reserve (o Banco Central dos Estados Unidos) pode mudar tudo o que sabemos sobre a relação entre os bancos tradicionais e as moedas digitais. Michael Barr, o vice-presidente de Supervisão do Fed, surpreendeu a todos ao afirmar que o banco central não é contra nem a favor das operações bancárias com criptomoedas.

A declaração foi feita durante um evento na Georgetown Law, uma importante faculdade de direito americana. Barr estava lá para falar justamente sobre essa “treta” que existe entre as empresas de criptomoedas e os bancos. Muitas dessas empresas reclamam que têm dificuldade para abrir e manter contas em bancos, o que dificulta muito a vida delas.

Mas o que o Fed tem a ver com isso?

O Federal Reserve é tipo o “chefão” dos bancos nos Estados Unidos. Ele é responsável por regular e supervisionar o sistema bancário do país. Por isso, a opinião do Fed sobre qualquer assunto relacionado a bancos é muito importante.

Segundo Barr, o objetivo do Fed é fornecer “orientações claras e diretrizes específicas” para os bancos que trabalham com criptomoedas. Ele deixou bem claro que o banco central não quer proibir nem obrigar os bancos a fazerem negócios com essas empresas. A ideia é que cada banco decida o que é melhor para si, desde que siga as regras, é claro.

Essa história de que as empresas de criptomoedas estão sendo excluídas dos bancos ganhou força com a nova administração do ex-presidente Trump. Várias pessoas importantes, como representantes do setor de criptomoedas, deputados, senadores, chefes de bancos e os próprios reguladores, entraram na discussão.

As empresas de criptomoedas reclamam que está cada vez mais difícil conseguir abrir e manter contas bancárias nos Estados Unidos. A Coinbase, uma das maiores empresas de criptomoedas do mundo, chegou a processar a Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), uma agência do governo americano que protege o dinheiro que as pessoas depositam nos bancos. A Coinbase acusou a FDIC de tentar isolar o setor de criptomoedas do sistema bancário tradicional.

O que diz o “chefão” do Fed?

As declarações de Michael Barr no evento da Georgetown Law foram muito parecidas com o que o presidente do Fed, Jerome Powell, disse recentemente. Powell pediu uma “nova análise” da questão da exclusão bancária das criptomoedas. Isso mostra que os “chefões” do Fed estão dispostos a rever a forma como o banco central lida com essa questão.

Barr, que está prestes a deixar o cargo de vice-presidente de supervisão, reafirmou que o Fed vai continuar exigindo que os bancos cumpram as leis de proteção ao consumidor e contra o financiamento do terrorismo. Mas ele também deixou claro que o Fed não vai dizer aos bancos quais clientes eles devem atender.

Mesmo deixando o cargo de vice-presidente, Barr continuará sendo um dos membros do Conselho de Governadores do Fed, o grupo que toma as decisões mais importantes do banco central. Ou seja, a voz dele ainda terá muito peso nas discussões sobre criptomoedas e bancos.

Essa mudança de postura do Fed pode ser o começo de uma nova era na relação entre bancos e criptomoedas.