
- Alta da Selic visa conter a inflação em meio ao aumento dos preços de alimentos e energia
- Copom destaca incertezas externas e impactos da política fiscal
- Mercado projeta crescimento econômico mais moderado para 2025
O Banco Central do Brasil decidiu elevar a taxa básica de juros, a Selic, para 14,25% ao ano, um aumento de 1 ponto percentual. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), anunciada nesta quarta-feira (19), ocorre em meio ao aumento dos preços de alimentos e energia, além das incertezas no cenário econômico global.
Motivos da decisão
A elevação da Selic reflete a necessidade de conter a inflação, que tem sido impulsionada pelo encarecimento dos alimentos e da energia. O Copom destacou que as incertezas externas, especialmente relacionadas à política comercial do país e às ações do Federal Reserve (Fed), também pesaram na decisão.
“O comitê segue acompanhando com atenção como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes”, informa o comunicado.
No Brasil, a economia segue aquecida, mas há sinais de moderação no crescimento. A inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fechou fevereiro em 1,48%, acumulando alta de 4,87% nos últimos 12 meses, acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.
Perspectivas para os próximos meses
O Copom indicou que novas altas podem ocorrer, mas em menor magnitude. O comunicado oficial sugere que a elevação de juros em maio será mais moderada e que as decisões futuras dependerão do comportamento da inflação e da política econômica do governo.
“Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação”, ressalta.
Para 2025, o Banco Central projeta que a inflação fechará o ano em 5,1%, acima do limite da meta de 4,5%. Já o mercado financeiro está ainda mais pessimista, prevendo uma inflação de 5,66%, conforme o boletim Focus.
Impactos da alta dos juros
A elevação da Selic impacta diretamente o crédito e o consumo. Com juros mais altos, o custo do crédito aumenta, desestimulando empréstimos e financiamentos. Isso reduz o consumo e a produção, ajudando a conter a inflação, mas também pode desacelerar a economia.
No último Relatório de Inflação, o Banco Central elevou a projeção de crescimento do PIB para 2,1% em 2025, enquanto o mercado estima um crescimento menor, de 1,99%.
A Selic também influencia as taxas de juros cobradas pelos bancos em empréstimos e financiamentos. Com a taxa básica mais alta, o custo do crédito para empresas e consumidores sobe, o que pode impactar investimentos e reduzir a demanda por bens e serviços.
Cenário econômico global e incertezas
A decisão do Banco Central também reflete preocupações com o cenário externo. A postura do Federal Reserve dos Estados Unidos, as oscilações cambiais e a política fiscal brasileira são fatores que podem influenciar a economia do país nos próximos meses.
O Copom, contudo, seguirá monitorando os desdobramentos econômicos. E, destacou que qualquer mudança na trajetória fiscal do governo pode impactar as futuras decisões de política monetária.