Contas públicas

Bilhões escondidos: governo revela rombo de R$ 678 bilhões em subsídios

Redução dos benefícios fiscais é tratada como prioridade por Simone Tebet para tentar reequilibrar o orçamento.

Onde investir meu dinheiro para render mais
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  • Subsídios da União chegaram a R$ 678 bilhões em 2024
  • Simone Tebet promete cortar privilégios e rever benefícios antigos
  • Fundos estratégicos perderam bilhões e expõem pressão sobre o orçamento

Os subsídios da União alcançaram impressionantes R$ 678 bilhões em 2024, segundo dados divulgados pelo Ministério do Planejamento. O valor, embora menor que o de 2023, ainda corresponde a 5,78% do PIB e pressiona as contas públicas.

A equipe econômica, liderada pela ministra Simone Tebet, enxerga na revisão desses benefícios uma das principais estratégias para tentar reduzir o déficit fiscal. Cortes e reclassificações foram decisivos para a queda registrada no ano passado, mas especialistas ainda alertam que o peso sobre o orçamento segue elevado.

Onde está o dinheiro

Entre as três modalidades de subsídios, os benefícios tributários concentraram 83,1% do total, somando quase R$ 562 bilhões. Já os financeiros responderam por 9,6% e os creditícios por 7,3%. Apesar da leve redução, o montante ainda revela a dificuldade de o Brasil cortar privilégios e abrir espaço para novos investimentos públicos.

Na prática, a maior parte dos cortes veio de benefícios tributários, sobretudo após o fim da desoneração do PIS/Cofins sobre combustíveis, que retirou cerca de R$ 30 bilhões da conta. Em compensação, novas medidas entraram no radar, como a desoneração da folha de municípios, que custou R$ 10,6 bilhões em 2024.

Especialistas avaliam que o desenho da política de subsídios precisa ser revisto para evitar distorções. Sem critérios claros, parte dos benefícios se prolonga por décadas, mesmo sem retorno concreto à sociedade.

Redução em fundos estratégicos

No campo dos benefícios creditícios, as maiores reduções ocorreram no Fundo da Marinha Mercante (FMM) e no Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Os dois perderam, respectivamente, R$ 20,4 bilhões e R$ 10,7 bilhões em 2024.

Essa queda reflete, segundo o governo, a necessidade de ajustes e a prioridade em programas de maior impacto social. Entretanto, analistas lembram que a redução de crédito subsidiado pode afetar setores que ainda dependem desses fundos, como a construção naval e o financiamento do emprego.

Mesmo assim, a equipe de Simone Tebet afirma que a estratégia é reavaliar incentivos antigos e direcionar recursos para áreas com retorno mais imediato. A lógica é priorizar gastos que tragam benefícios diretos à população.

Pressão política e fiscal

Além do desafio técnico, existe o componente político. Muitos subsídios têm forte lobby setorial, o que torna mais difícil sua redução. Empresários e parlamentares atuam para manter privilégios, dificultando os cortes necessários ao ajuste fiscal.

O governo defende que não se trata de retirar benefícios sem critério, mas de substituir medidas ultrapassadas por políticas que tenham impacto concreto. Simone Tebet chegou a afirmar no Senado que “a troca é inevitável para que o país avance sem comprometer as finanças públicas”.

Ainda assim, o desafio fiscal continua. O gasto bilionário em subsídios ocupa espaço relevante no orçamento e pressiona a equipe econômica, que busca aumentar a arrecadação sem travar o crescimento econômico.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.