
- BNDES vai apoiar empresas brasileiras atingidas pelas tarifas de 50% dos EUA
- Governo prepara plano de contingência com medidas de crédito e diversificação de mercados
- Mercadante afirma que atuação será similar à adotada no RS, com impacto direto no PIB
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, anunciou nesta sexta-feira (25) que o banco está preparado para socorrer empresas brasileiras afetadas pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos. Assim, a sobretaxa, que entra em vigor em 1º de agosto, foi classificada como uma ameaça direta à competitividade da indústria nacional.
Sem detalhar os instrumentos do apoio, Mercadante afirmou que o banco já mapeou as cadeias produtivas mais expostas e atua em conjunto com a Fazenda e a Casa Civil na definição de ações emergenciais. Portanto, o plano do governo, liderado por Fernando Haddad, deve ser apresentado a Lula nos próximos dias e promete crédito e estímulos fiscais.
Apoio emergencial em construção
Durante um ato na Faculdade de Direito da USP, Mercadante comparou a situação atual com a resposta às enchentes do Rio Grande do Sul. “Assim como fizemos no Sul, o BNDES vai apoiar os setores atingidos. Estamos prontos”, declarou. Na ocasião, o banco liberou R$ 29 bilhões, o que contribuiu para uma recuperação rápida da economia local.
Além disso, segundo ele, os dados mostram que a economia gaúcha cresceu 4,9%, o desemprego caiu para 4,1% e o PIB nacional avançou 3,4% após o pacote emergencial. A ideia agora é replicar essa estratégia diante do impacto do tarifaço, mirando em setores como agronegócio, metalurgia e bens de capital.
Desse modo, mesmo sem apresentar medidas concretas, o banco já trabalha com cenários e interlocução com empresários. Há expectativa de que as ações incluam linhas de crédito subsidiado, extensão de prazos e garantias especiais para exportadores.
Haddad prepara reação mais ampla
A sinalização do BNDES acontece um dia após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmar que levará ao presidente Lula um plano de contingência completo. Segundo ele, haverá um “cardápio para todos os gostos”, incluindo apoio financeiro e incentivo à diversificação de mercados internacionais.
Ademais, embora ainda mantenha a esperança de que a diplomacia reverta a tarifa, Haddad reconhece a urgência em proteger a base exportadora. Ele reafirmou o compromisso com o multilateralismo, mas ponderou que o governo brasileiro deve agir com “pragmatismo e agilidade”.
Portanto, a equipe econômica avalia formas de aliviar a carga tributária para exportadores e estimular acordos comerciais com países asiáticos e países africanos. A intenção é reduzir a dependência dos Estados Unidos como destino das exportações.
Mercado teme escalada e efeitos no câmbio
Nos bastidores do governo, cresce o temor de que uma possível retaliação brasileira provoque uma escalada do conflito comercial. Nesse cenário, o impacto mais imediato seria no câmbio, com pressão sobre o real e os juros futuros. Isso dificultaria o corte da taxa Selic, esperado ainda em 2025.
Além disso, Mercadante defendeu uma resposta firme, mas coordenada. “Precisamos agir com união institucional e serenidade. Não é hora de improvisar. O banco já se adiantou e está preparado para agir”, afirmou. Ele também voltou a criticar a política protecionista americana, que chamou de “injustificável e prejudicial para ambos os lados”.
Por fim, setores como calçados, aço, carne e máquinas agrícolas já sentem os primeiros efeitos da decisão de Trump. Empresários relatam cancelamento de contratos e renegociações em condições desfavoráveis.