Em um ano marcado por oscilações nos mercados latino-americanos, a Argentina emergiu como um ponto de destaque, com o índice Merval disparando 172,52% em 2024. Esse desempenho contrasta fortemente com a queda da Bolsa Brasileira, evidenciando a atratividade crescente do país para investidores estrangeiros.
O MSCI Argentina também apresentou um avanço expressivo de 106%, sinalizando a recuperação do mercado argentino e atraindo olhares atentos do setor financeiro global. O movimento está diretamente ligado à mudança de políticas econômicas implementadas pelo presidente Javier Milei, que promoveu ajustes fiscais e desregulamentação, superando as expectativas de analistas e investidores.
A atenção se volta para empresas argentinas com potencial de crescimento
O Bradesco BBI, um dos principais bancos de investimento do Brasil, destacou o aumento do interesse em empresas argentinas que possuem operações ou vendas significativas no país. A análise identificou 17 empresas que podem se beneficiar do novo cenário macroeconômico da Argentina, incluindo grandes nomes como Geopark, Raízen (RAIZ4), Mercado Livre (BDR: MELI34), e Natura & Co.
De acordo com o Bradesco, essas empresas estão bem posicionadas para aproveitar a redução do risco-país, que caiu de 2.000 pontos no início de 2024 para 650 pontos atualmente. Além disso, a expectativa é que a estabilidade econômica da Argentina aumente a demanda por seus produtos e serviços, potencializando os resultados financeiros dessas companhias.
Projeções positivas para o setor de energia e agricultura
Entre os setores mais promissores, destaca-se a energia e a agricultura. O analista Bruno Montanari, do Morgan Stanley, aponta que a balança comercial de energia da Argentina está projetada para virar de déficit para superávit até 2024, com exportações líquidas de petróleo estimadas em US$2 bilhões. A previsão é que as exportações de petróleo atinjam 550 mil barris por dia até o final da década, podendo chegar a 700 mil barris diários, um crescimento significativo para a economia do país.
O impacto das reformas no mercado de capitais
Embora o cenário macroeconômico tenha mostrado sinais de recuperação, os estrategistas do Morgan Stanley alertam que a reintegração da Argentina aos mercados de capitais globais será um processo gradual. A expectativa é que ações argentinas possam ser reintroduzidas ao MSCI LatAm nos próximos dois a três anos, com uma estimativa de US$1,1 bilhão em fluxos de investimento.
Esses avanços indicam uma mudança política na Argentina que poderia abrir portas para reformas estruturais em outros países da América Latina, com a Argentina se tornando um modelo para outros governos da região.
Uma nova era para o mercado de ações da Argentina
O desempenho das ações argentinas nos últimos dois anos reflete uma recuperação impressionante, com a capitalização de mercado subindo 620%, de US$6,1 bilhões para US$ 43,8 bilhões. No entanto, a principal dúvida persiste: a recuperação dos lucros será sustentável?
Segundo o Morgan Stanley, as políticas econômicas implementadas por Milei devem continuar a impulsionar os lucros das empresas, mas o risco permanece nas questões políticas. A estabilidade política será fundamental para garantir que o crescimento econômico continue.
Com as reformas em andamento e um mercado de ações que continua a atrair investidores, a Argentina parece estar pronta para assumir um papel de destaque no cenário econômico da América Latina. O otimismo é palpável, mas ainda assim, investidores devem proceder com cautela, avaliando constantemente os riscos e as oportunidades que surgem nesse novo contexto político e econômico.
Indicadores econômicos de destaque
- Índice Merval: +172,52% em 2024
- MSCI Argentina: +106% em 2024
- Risco-país da Argentina: caiu de 2.000 pontos para 650 pontos
- Exportações líquidas de petróleo: US$ 2 bilhões estimados para 2024
- Capacitação de exportação de petróleo: 550 mil barris por dia até 2030, podendo atingir 700 mil barris
Empresas em Destaque
- Geopark
- Raízen (RAIZ4)
- Mercado Livre (BDR: MELI34)
- Natura & Co
- Vista e Edenor (pelo Morgan Stanley)