Bom ano? FGC reduz em 30% os "calotes" ressarcidos em 2023

Em 2023, o mercado de capitais brasileiro testemunhou uma significativa melhoria na proteção de investidores, conforme indicado pelo relatório recente da BSM Supervisão de Mercados. A entidade, que atua como a principal autorreguladora do mercado de capitais no Brasil, registrou uma notável redução de 30% nas solicitações de ressarcimento feitas por investidores através do Mecanismo de Ressarcimento de Prejuízos (MRP). Este mecanismo, muitas vezes comparado ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para o mercado de ações, é uma peça fundamental na segurança do investimento em bolsa.

No ano de 2023, foram registradas 334 solicitações de ressarcimento, um declínio expressivo em comparação às 481 solicitações documentadas em 2022. Esse decréscimo sugere uma melhoria na integridade e na segurança das operações financeiras realizadas no mercado de capitais brasileiro. Além disso, o total reembolsado aos investidores em 2023 foi de R$ 609 mil, um valor significativamente menor que os R$ 1,7 milhão reembolsados no ano anterior.

A principal causa para os pedidos de ressarcimento em 2023 foi identificada como falhas nas plataformas de corretoras, representando 28% dos casos. Essa estatística é seguida por reclamações relacionadas à falta de execução ou execução errada de ordens, que compõem 27% dos pedidos, e liquidação compulsória, responsável por 25% das solicitações. Estes dados apontam para áreas críticas onde o mercado ainda precisa aprimorar suas operações e sistemas para garantir a confiança e a segurança dos investidores.

Interessante notar que, dentre as solicitações finalizadas em 2023, 23% foram descartadas sem julgamento, principalmente por não atenderem aos requisitos de elegibilidade, como falta de evidências ou pedidos fora das normas estabelecidas. Este número é ligeiramente superior ao de 2022, que foi de aproximadamente 21%.

O MRP desempenha um papel vital na proteção do investidor, garantindo o ressarcimento de prejuízos que possam ser comprovadamente atribuídos a erros ou omissões dos participantes dos mercados administrados pela B3. As falhas cobertas pelo mecanismo incluem erros na intermediação de operações, como compra e venda de ações, derivativos e fundos listados, além de serviços de custódia. Ressarcimentos também são possíveis em casos de liquidação extrajudicial decretada pelo Banco Central e outras situações previstas em lei.

O início de 2024 trouxe

boas notícias para os investidores, com o aumento do limite para ressarcimento do MRP de R$ 120 mil para R$ 200 mil por solicitação. Esta mudança reflete um compromisso contínuo em fortalecer a confiança no mercado de capitais brasileiro e em oferecer maior proteção aos investidores. Este aumento no limite de ressarcimento é particularmente significativo, pois amplia a cobertura para uma gama maior de investimentos e perdas potenciais, garantindo assim uma maior segurança para os participantes do mercado.

A redução nas solicitações de ressarcimento e o aumento no limite de cobertura do MRP são indicadores de um mercado de capitais mais robusto e seguro. A melhoria nas práticas operacionais das corretoras, juntamente com a fiscalização e a regulamentação eficaz por parte de entidades como a BSM, desempenham um papel crucial nessa evolução. Tais iniciativas ajudam a construir um ambiente de investimento mais transparente e confiável, essencial para o crescimento sustentável do mercado financeiro brasileiro.

No entanto, apesar dos progressos, ainda há desafios a serem enfrentados. As falhas nas plataformas de corretoras, que lideram as causas de solicitações de ressarcimento, sinalizam a necessidade de investimentos contínuos em tecnologia e em sistemas de segurança. Além disso, a educação financeira dos investidores desempenha um papel fundamental, pois um maior entendimento dos processos e riscos do mercado pode reduzir erros e mal-entendidos que levam a solicitações de ressarcimento.