
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma declaração explosiva nesta semana ao afirmar que, em qualquer país onde exista fome, o presidente deveria ser decapitado. A fala ocorreu durante uma reunião do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), em Brasília.
Durante o discurso, Lula se emocionou ao lembrar da infância pobre e das dificuldades que enfrentou para se alimentar. Em tom exaltado, disse que o combate à fome é um dever inegociável de qualquer governo e completou: “Presidente de país em que o povo passa fome tem que ser decapitado”.
A frase que parou o Brasil
O pronunciamento de Lula causou impacto imediato. O presidente relatou que, quando era criança, sua família não tinha sequer marmita para levar à fábrica e dependia da caridade dos colegas para comer. Ele chorou diante do público e declarou que ainda sente o gosto da pobreza.
“Num governo em que alguém passar fome, tem que decapitar o presidente”, afirmou Lula.
A fala, embora simbólica, gerou intenso debate nas redes sociais e entre analistas políticos. O presidente ainda disse que pretende ser “cada vez mais esquerdista e socialista” e defendeu mais radicalização nas políticas públicas voltadas à inclusão e ao combate à miséria.
O Brasil ainda convive com a fome
Apesar dos avanços recentes, a fome e a pobreza extrema seguem presentes na vida de milhões de brasileiros. Dados do próprio governo mostram que:
- Cerca de 27% dos domicílios ainda vivem com algum grau de insegurança alimentar.
- Aproximadamente 20 milhões de pessoas convivem com a falta de acesso regular a alimentos.
- A pobreza extrema atinge mais de 9 milhões de brasileiros, vivendo com menos de R$ 200 por mês.
- Mais de 5 milhões de crianças vão para a escola sem alimentação adequada todos os dias.
Esses números revelam a dimensão do desafio, mesmo com os programas sociais relançados e reforçados desde 2023.
Avanços e contradições
Lula celebrou recentemente a saída do Brasil do Mapa da Fome da ONU, graças à redução da subnutrição abaixo de 2,5% da população. Segundo o governo, “mais de 40 milhões de brasileiros deixaram situações de insegurança alimentar entre 2022 e 2024”.
Ainda assim, especialistas apontam que o problema continua alarmante, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde a fome afeta comunidades inteiras. Críticos acusam o governo de se apoiar em dados pontuais e negligenciar a desigualdade estrutural.
O presidente, por outro lado, afirma que continuará ampliando os investimentos em políticas sociais, como o Bolsa Família, o Programa de Aquisição de Alimentos e iniciativas voltadas à agricultura familiar.
Discurso inflamado, reação dividida
A frase sobre decapitação foi interpretada por apoiadores como uma metáfora para o nível de responsabilidade que os líderes devem ter com o povo. Para os opositores, no entanto, foi mais uma demonstração de radicalismo retórico.
Lula aproveitou a ocasião para reforçar seu compromisso com os mais pobres, dizendo que “não descansará até que nenhum brasileiro vá dormir com fome”.