
- Lobby do agro americano pressiona a Casa Branca e acusa Brasil de práticas desleais.
- Carne, etanol, milho e algodão estão entre os setores mais ameaçados por novas barreiras.
- Possíveis sanções de Trump podem afetar bilhões em exportações brasileiras.
O agronegócio brasileiro virou alvo de uma ofensiva pesada em Washington. Setores do agro dos Estados Unidos protocolaram diversas críticas contra o Brasil dentro da chamada investigação 301. A Casa Branca conduz o processo para apurar supostas práticas comerciais abusivas.
As acusações vão de barreiras sanitárias e tributárias até desmatamento no Cerrado e suposta insegurança alimentar. Se o governo Trump decidir agir, o Brasil pode enfrentar novas barreiras comerciais e até a suspensão de exportações para o mercado americano.
Carne e etanol no centro da disputa
Entre as associações mais ativas, o Conselho Nacional de Produtores de Carne Suína (NPPC) acusa o Brasil de manter uma “proibição de fato” contra a carne suína dos EUA, sem base científica.
Além disso, a Federação Americana de Fazendas apontou como “injustas” as tarifas brasileiras sobre o etanol americano.
Na mesma linha, produtores de milho do Nebraska afirmaram que o Brasil representa uma ameaça às exportações dos EUA por causa do uso de “práticas ambientais injustas” e tarifas que limitam a entrada do etanol americano.
Pecuária e segurança alimentar
A Associação Nacional de Pecuaristas de Carne Bovina foi mais dura: pediu que os EUA suspendam totalmente as importações de carne bovina brasileira.
Assim, a entidade citou que, nos últimos cinco anos, as vendas americanas para o Brasil foram “insignificantes” e acusou o país de “não respeitar padrões sanitários”.
Desse modo, o Fundo Legal de Pecuaristas (R-CALF) também atacou a credibilidade brasileira, dizendo que o país tem “histórico de corrupção” e falhas crônicas em reportar doenças, colocando em risco a saúde dos americanos.
Algodão e desmatamento no Cerrado
O Conselho Nacional do Algodão (NCC) acusou o Brasil de competir com preços “artificialmente baixos”. A entidade também relacionou a expansão da produção à perda acelerada de vegetação nativa no Cerrado.
Ademais, o grupo lembrou que quase metade da savana já foi devastada e citou investigações que ligam o algodão brasileiro a desmatamento ilegal e grilagem de terras.
Portanto, as entidades também reclamaram de incentivos tributários, como isenção de PIS e Cofins nas exportações, que na visão americana criam uma competição desleal com seus agricultores.
O que pode vir pela frente
Com as denúncias sobre a mesa, o USTR e o governo Trump poderão recomendar medidas retaliatórias ainda em 2025.
Entre elas, estão sanções mais duras, suspensão de importações e novas tarifas sobre produtos brasileiros.
Além disso, o risco é de impacto direto em cadeias bilionárias do agro nacional, especialmente em carne, etanol, milho e algodão.
Por fim, o setor acompanha com preocupação, já que os EUA são o segundo maior destino das exportações agrícolas brasileiras.