Brasil e Venezuela

Brasil irá a posse de ditador Maduro mesmo com eleições fraudadas

O governo brasileiro enviará a embaixadora Glivânia Maria de Oliveira à posse de Nicolás Maduro na Venezuela, marcando um reconhecimento tácito da eleição, apesar das acusações de fraude e irregularidades.

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Brasília (DF), 29/05/2023 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no Palácio do Planalto. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Brasília (DF), 29/05/2023 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no Palácio do Planalto. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O governo do presidente Lula da Silva decidiu enviar a embaixadora do Brasil na Venezuela, Glivânia Maria de Oliveira, para a posse do ditador Nicolás Maduro, marcada para 10 de janeiro. A decisão gerou críticas e acusações de conivência com o regime chavista, que é acusado de ter fraudado as eleições para garantir mais um mandato a Maduro.

Apesar da tentativa do governo brasileiro de amenizar a situação, argumentando que a presença da embaixadora não implica reconhecimento do resultado eleitoral e que Lula não enviará ministros a Caracas, a ação é vista como uma forma de legitimar a posse de Maduro e o resultado de uma eleição considerada fraudulenta.

Reconhecimento Tácito da Eleição Venezuelana

A presença da representante brasileira, independentemente de seu escalão, é interpretada como uma forma de chancela, aceitação e conivência institucional do governo brasileiro com o regime de Maduro. Essa atitude representa um reconhecimento tácito da legitimidade da posse e, por conseguinte, do resultado da eleição, mesmo que o governo hesite em admitir isso oficialmente.

A decisão de enviar a embaixadora surge após meses de hesitação do governo Lula, que buscou equilibrar suas obrigações constitucionais de defesa da democracia com seus compromissos ideológicos com o chavismo. O governo brasileiro jamais expressou dúvidas sobre a lisura da eleição e do poder de Maduro, mesmo diante de evidências e alertas contrários.

Fraude e Repressão no Processo Eleitoral

O processo eleitoral na Venezuela foi marcado por diversas irregularidades. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão subordinado ao Palácio de Miraflores, declarou a vitória de Maduro em um processo fraudulento. A oposição foi perseguida, com candidaturas cassadas, opositores presos, e intimidação e violência do Estado contra quem ousou protestar.

Antes da eleição, Maduro fez ameaças, prevendo uma “guerra civil” caso não fosse eleito e prometendo um “banho de sangue”. Após o pleito, a repressão continuou, com dezenas de manifestantes mortos e cerca de 2 mil detidos. Milícias paramilitares, conhecidas como “Coletivos”, intimidaram famílias e jornalistas. O oposicionista Edmundo González Urrutia, que reivindica a vitória, é perseguido pelas instituições de Maduro e tem uma recompensa de US$ 100 mil por informações que levem à sua prisão.

Silêncio e Críticas ao Governo Lula

O governo brasileiro foi criticado por seu silêncio diante dessas atrocidades e por declarações consideradas jocosas, como a de Lula, que afirmou que a Venezuela realiza mais eleições do que o Brasil, e por isso é um país democrático. O chanceler Celso Amorim também foi criticado por sua postura passiva diante das graves denúncias de repressão e fraude eleitoral.

Após a eleição, o regime chavista passou a criticar abertamente o governo Lula, acusando o presidente brasileiro de estar a serviço da CIA. Apesar dessas críticas, o governo Lula mantém sua proximidade com o regime de Maduro.