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- Resposta das tarifas americanas inclui desvalorização cambial e tarifas retaliatórias
- Tarifas de 25% sobre aço afetam competitividade do Brasil no mercado americano
- Países com tarifas mais altas sobre produtos americanos são os mais vulneráveis às tarifas recíprocas
Nos últimos meses, as tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China ganharam novos capítulos com a imposição de tarifas adicionais sobre produtos chineses.
A mais recente ação do governo norte-americano foi a implementação de tarifas de 10% sobre produtos da China, que entrou em vigor no dia 1º de fevereiro de 2025. Essa medida vem em resposta às políticas comerciais chinesas que, segundo os EUA, prejudicam o mercado norte-americano.
No entanto, a China, como potência econômica global, não ficou passiva e anunciou suas próprias tarifas retaliatórias. Assim, criando um novo cenário de instabilidade nas relações internacionais.
Estratégias de resposta da China
A resposta chinesa às tarifas dos EUA inclui a imposição de tarifas entre 10% e 15% sobre cerca de US$ 14 bilhões em produtos americanos. Como: carvão, gás natural liquefeito, petróleo bruto e equipamentos agrícolas.
Essa ação é uma forma de pressionar os Estados Unidos, mas também representa um esforço para proteger setores da economia chinesa que podem ser diretamente impactados pela redução das exportações para o mercado americano.
Desvalorização cambial
Além das tarifas retaliatórias, uma das estratégias mais recorrentes adotadas pela China é a desvalorização da sua moeda, o yuan. Richard Rytenband, estrategista-chefe da Convex Research, aponta que essa é uma prática já consolidada e amplamente utilizada pela China para estimular suas exportações.
A desvalorização cambial torna os produtos chineses mais baratos e, assim, fortalece a competitividade do país no mercado global.
No entanto, essa política pode gerar desafios para a economia interna da China. A desvalorização do yuan, em conjunto com os estímulos monetários do Banco Central da China e políticas fiscais do governo, visa impulsionar a economia, que ainda opera abaixo do seu potencial.
No entanto, caso a China continue a adotar essa abordagem de desvalorização de forma agressiva, o país pode enfrentar uma alta na inflação doméstica, o que geraria pressões econômicas internas.
Inflação exportada
A China, como um dos maiores exportadores globais, acaba exportando não apenas seus produtos, mas também seus efeitos econômicos. A desvalorização cambial e os estímulos fiscais podem contribuir para uma inflação exportada, que atinge outras economias ao redor do mundo.
Isso ocorre porque, ao enfraquecer sua moeda, os preços dos produtos chineses se tornam mais baixos, mas o efeito colateral é um aumento da inflação nos países que importam esses bens.
Cria-se, então, um cenário complicado para os bancos centrais, que precisam manter taxas de juros mais altas para conter os efeitos da inflação.
Tarifas de Trump no Brasil e no mercado global
Outro efeito importante das tarifas impostas pelos Estados Unidos é a repercussão sobre países que também mantêm relações comerciais estreitas com o mercado americano, como o Brasil.
O governo dos EUA anunciou, recentemente, uma tarifa de 25% sobre as importações de aço e alumínio, com início previsto para 12 de março. Para o Brasil, que em 2024 foi o segundo maior fornecedor de aço para os EUA, esse aumento de tarifas poderá reduzir suas exportações e afetar o setor industrial.
O impacto econômico será grande, pois o aço brasileiro se tornará menos competitivo no mercado americano, pressionando a indústria e os preços no mercado global.
Repercussões no Brasil
Com a imposição da tarifa, o aço brasileiro enfrentará dificuldades para manter a competitividade no mercado americano, podendo resultar em uma queda nas exportações para os EUA.
Esse cenário também pode gerar uma pressão sobre os preços internacionais do aço, com um excedente de oferta no mercado global.
As siderúrgicas brasileiras podem enfrentar dificuldades financeiras, dado que o Brasil não possui poder de barganha em comparação com os Estados Unidos. Além disso, a imposição de tarifas adicionais pode gerar tensões políticas, levando a uma possível retaliação por parte do Brasil.
Economias emergentes
A imposição de tarifas comerciais recíprocas entre países também terá um impacto desigual em diversas economias ao redor do mundo. As economias emergentes, como o Brasil, a África e países da Ásia do Sul, são mais vulneráveis a essa política, pois frequentemente impõem tarifas mais altas sobre os produtos americanos do que recebem em contrapartida.
A Índia, por exemplo, já tomou a iniciativa de reduzir tarifas para evitar ser alvo dessas medidas.
A União Europeia e países mais desenvolvidos, por outro lado, têm uma exposição mais moderada, enfrentando impactos em setores específicos, como agricultura e indústria automotiva.
No entanto, países como a China, México e Canadá já estão em negociações para se proteger das tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos.
O futuro das relações comerciais
Diante desse cenário, o futuro das relações comerciais globais permanece incerto. A disputa comercial entre os Estados Unidos e a China tem o potencial de transformar o comércio internacional e afetar economias de todos os tamanhos.
O Brasil, em particular, enfrentará desafios no curto prazo, devido à redução de suas exportações para os EUA e à possível pressão sobre seus setores industriais.
As políticas adotadas pelos governos dos países envolvidos terão um impacto significativo, e é necessário acompanhar as reações das partes afetadas, que podem gerar mais tensões ou, eventualmente, abrir espaço para negociações comerciais.