Orçamento no limite

Brasil pode ter que fechar embaixadas por falta de dinheiro

Chanceler Mauro Vieira pediu R$ 352 milhões em crédito extra para evitar paralisação de atividades, despejo de imóveis diplomáticos e interrupção do apoio a viagens internacionais de Lula.

Presidente Lula e Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores do Brasil
Crédito: Depositphotos
  • Mauro Vieira pediu R$ 352 milhões para evitar fechamento de embaixadas e despejos.
  • Itamaraty pode suspender apoio às viagens de Lula por falta de verba.
  • Governo analisa liberação emergencial, mas enfrenta restrições orçamentárias severas.

O Itamaraty vive uma crise financeira sem precedentes. O chanceler Mauro Vieira alertou, em ofício ao governo, que o Brasil pode ser obrigado a fechar embaixadas e consulados por falta de recursos para pagar aluguéis, funcionários e manutenção de imóveis oficiais. O pedido de crédito suplementar de R$ 352 milhões foi encaminhado aos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento) e Rui Costa (Casa Civil).

Vieira afirmou que o orçamento da pasta cobre despesas apenas até o fim de outubro e alertou que, sem a liberação imediata de verbas, o governo pode comprometer já em novembro as atividades diplomáticas e o apoio logístico às missões de Lula no exterior.

Em risco: aluguéis, salários e viagens presidenciais

No documento, o chanceler descreve uma situação crítica: atrasos no pagamento de aluguéis de imóveis oficiais podem gerar multas e ações de despejo, enquanto funcionários locais ficariam sem receber e serviços consulares correm risco de paralisação.

“As parcelas de aluguel referentes a novembro vencem nos primeiros cinco dias do mês. Se descumprido esse prazo, o MRE estará sujeito ao pagamento de multas e a ações de despejo”, alertou Vieira.

O ministro também destacou que a falta de recursos ameaça a realização da cúpula de chefes de Estado do Mercosul e a participação do Brasil nos eventos preparatórios da COP30, a conferência climática da ONU prevista para 2025, em Belém (PA).

Diplomacia em colapso

Além dos R$ 352 milhões extras, Vieira pediu o desbloqueio de R$ 110 milhões já previstos no orçamento, sendo R$ 37 milhões para novembro e R$ 73 milhões para dezembro, para “garantir o funcionamento mínimo” da estrutura diplomática brasileira.

Nos bastidores, diplomatas relatam atrasos em pagamentos de fornecedores e cortes em manutenção de prédios no exterior. Além disso, em algumas representações, o custeio de energia, limpeza e segurança já está comprometido.

Desse modo, a crise acontece durante uma agenda internacional intensa do presidente Lula. Ele já realizou 37 viagens e passou mais de 125 dias fora do país desde o início do terceiro mandato. O Itamaraty também tem prestado apoio logístico e operacional nessas missões.

Próximos compromissos

Ainda em outubro, Lula deve viajar à Indonésia e à Malásia para participar da 47ª Cúpula da ASEAN, acompanhado do presidente da ApexBrasil, Jorge Viana.

Ademais, a escassez de recursos levanta dúvidas sobre a capacidade da chancelaria de manter o apoio às comitivas presidenciais.

O Ministério da Fazenda e o Planejamento avaliam a liberação emergencial dos recursos. Por fim, técnicos do governo admitem que o orçamento federal está no limite após sucessivos bloqueios de despesas discricionárias.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.