
- Despesas cresceram 10,4% em 2025, enquanto as receitas subiram apenas 5,6%.
- Governo já acumula déficit primário de R$ 14,5 bilhões, com risco de piora.
- Novo arcabouço fiscal pode fracassar se o ritmo de gastos não for contido.
Enquanto receitas avançam lentamente, despesas do governo explodem e acendem sinal vermelho nas contas públicas
O governo Lula 3 está gastando muito mais do que arrecada — e isso pode colocar o Brasil em rota de colisão com um novo desequilíbrio fiscal. Dados da Secretaria do Tesouro Nacional revelam que as despesas da União cresceram em um ritmo quase duas vezes maior que o das receitas no acumulado de 2025.
Com promessas de investimentos sociais e manutenção de programas populares, os gastos federais aumentaram 10,4% até maio, enquanto a arrecadação cresceu apenas 5,6%. O resultado? Um rombo crescente, que já compromete a credibilidade do novo arcabouço fiscal.
Despesas aceleram, arrecadação patina
Segundo os números oficiais, o governo federal gastou R$ 962,9 bilhões nos cinco primeiros meses deste ano — valor que representa uma alta expressiva, principalmente em despesas obrigatórias e gastos sociais.
Ao mesmo tempo, a arrecadação líquida somou R$ 912,3 bilhões, com avanço bem mais tímido, puxado por estagnação da economia, desonerações e desempenho fraco do setor corporativo. Especialistas alertam que essa disparidade é insustentável a médio prazo.
Mesmo com a criação de novos tributos e medidas para elevar a carga tributária, a máquina pública parece continuar crescendo sem que haja contrapartida proporcional de receita.
Nova regra fiscal sob risco?
Desde a implementação do novo arcabouço fiscal, o governo prometeu responsabilidade com as contas públicas. Mas, com a escalada dos gastos e o baixo crescimento econômico, essa promessa parece cada vez mais difícil de cumprir.
O resultado primário — diferença entre receitas e despesas sem considerar os juros da dívida — deve fechar 2025 com déficit de R$ 14,5 bilhões, de acordo com estimativas atualizadas. Isso contrasta com o discurso inicial de equilíbrio.
A equipe econômica admite que o cenário é desafiador. Ainda assim, o Palácio do Planalto insiste na expansão de políticas sociais, reajustes salariais e aumento de subsídios, em ano de forte pressão política.
O que diz o mercado?
Analistas veem com preocupação o ritmo das despesas. A percepção é de que, sem um corte urgente de gastos ou reforma estrutural, o país corre o risco de perder a confiança dos investidores.
“O governo está insistindo em expandir a máquina pública sem uma base sólida de arrecadação. Isso já está refletindo no câmbio, nos juros e no mercado de títulos públicos”, afirmou um gestor ouvido pela reportagem.
Além disso, a dívida bruta já ultrapassa 75% do PIB e continua subindo. O temor é que a combinação de juros altos, endividamento e déficit coloque o Brasil novamente no radar do desequilíbrio crônico.