Não empolgou

Brasileiros não acreditam que Trump conseguirá reverter inelegibilidade de Bolsonaro

Pesquisa Genial/Quaest revela que maioria rejeita influência do ex-presidente dos EUA no caso do TSE.

Bolsonaro e Trump
Bolsonaro e Trump
  • 59% dos brasileiros não acreditam que Trump possa reverter a inelegibilidade de Bolsonaro.
  • Apenas 31% confiam em algum tipo de influência internacional no processo.
  • População prefere solução jurídica nacional e rejeita ingerência externa no TSE.

A tentativa de reabilitação política de Jair Bolsonaro parece não sensibilizar a maioria dos brasileiros quando associada à figura de Donald Trump. Uma pesquisa divulgada pela Genial/Quaest mostra que 59% dos entrevistados não acreditam que o ex-presidente dos Estados Unidos seja capaz de reverter a inelegibilidade de Bolsonaro no Brasil.

A sondagem foi realizada entre os dias 10 e 13 de julho e ouviu 2.004 pessoas em todo o território nacional. A margem de erro é de dois pontos percentuais, o que dá segurança estatística à leitura dos dados. Apesar da retórica pró-Bolsonaro nos discursos de Trump, o eleitorado brasileiro se mostra cético quanto a qualquer interferência internacional no julgamento conduzido pela Justiça Eleitoral.

Apoio de Trump divide, mas não empolga a maioria

Segundo o levantamento, apenas 31% dos entrevistados veem alguma chance de que Trump consiga influenciar o cenário jurídico de Bolsonaro no Brasil. Outros 10% não souberam ou preferiram não opinar sobre o tema. Ou seja, mesmo com a exposição na mídia e o alinhamento ideológico entre os dois líderes, o apoio norte-americano não convence a maior parte da população.

Ademais, ainda que Bolsonaro e Trump compartilhem estratégias de mobilização política e retórica conservadora, a distância entre os sistemas jurídicos dos dois países é evidente para a maioria dos brasileiros. Essa percepção ajuda a explicar por que a população não enxerga viabilidade prática no apoio de Washington a Brasília nesse tema específico.

A análise do instituto mostra que o apoio a essa possibilidade é mais forte entre os eleitores mais alinhados à direita e com maior escolaridade. No entanto, mesmo nesses grupos, a maioria continua descrente quanto ao real impacto que Trump poderia exercer sobre o TSE ou o STF.

Rejeição à interferência externa é consistente

A descrença sobre a atuação de Trump também revela uma tendência importante: o eleitor brasileiro, em sua maioria, não vê com bons olhos a ideia de ingerência externa em assuntos nacionais. Ainda que muitos apoiadores de Bolsonaro desejem sua volta à disputa eleitoral, a preferência é por caminhos legais internos, dentro da estrutura judiciária brasileira.

Além disso, a própria figura de Trump tem rejeição elevada no Brasil. Embora mantenha prestígio entre os eleitores mais fiéis a Bolsonaro, ele não goza de apoio popular majoritário. A associação entre os dois pode funcionar para reforçar vínculos ideológicos, mas não necessariamente contribui para ampliar a base eleitoral do ex-presidente brasileiro.

Essa percepção pode ajudar a explicar por que a retórica de “salvação internacional” não gera adesão maciça. A população parece preferir soluções políticas e jurídicas domésticas, mesmo quando a situação de Bolsonaro parece sem saída.

Cenário jurídico segue desfavorável para Bolsonaro

Mesmo com a proximidade das eleições municipais, não há sinais de que o Tribunal Superior Eleitoral esteja revendo sua decisão sobre a inelegibilidade de Bolsonaro, imposta em 2023. A condenação por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação ainda vigora, e não há previsão de reversão no curto prazo.

Assim, os movimentos diplomáticos e discursos de aliados estrangeiros, como Trump, têm funcionado mais como acenos políticos do que como estratégias jurídicas reais. A própria equipe de defesa de Bolsonaro tem concentrado esforços em recursos no STF e em estratégias eleitorais para manter o capital político do ex-presidente vivo até 2026.

Com o resultado da pesquisa Genial/Quaest, fica evidente que, embora Bolsonaro mantenha apoio significativo, a expectativa de que uma figura estrangeira altere seu destino jurídico não empolga o eleitorado.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.