
A escalada do conflito entre Rússia e Ucrânia ganhou novo contorno após a invasão de drones russos no espaço aéreo da Polônia, episódio que mobilizou a OTAN e reacendeu temores de expansão da guerra. No meio da crise, autoridades norte-americanas e europeias passaram a apontar o dedo para os países do BRICS, acusando-os de sustentar financeiramente os ataques massivos de Moscou à Kiev.
Segundo diplomatas, o comércio de petróleo e outras commodities entre Rússia e integrantes do bloco, como Índia, China e Brasil, estaria garantindo fluxo de caixa suficiente para o Kremlin manter seus ataques, apesar das sanções impostas pelo Ocidente desde 2022.
O peso do petróleo
A Rússia continua sendo um dos maiores exportadores de energia do planeta, e sua economia de guerra se apoia fortemente nas receitas de petróleo e gás. Mesmo após sanções, Índia, China e Brasil intensificaram a compra de barris russos, muitas vezes com desconto. Isso, segundo especialistas, acaba convertendo os BRICS em financiadores indiretos da guerra na Ucrânia.
O embaixador dos EUA junto à OTAN, Matthew Whitaker, chegou a afirmar que “a ofensiva militar da Rússia está sendo apoiada por receitas oriundas de países como Índia, China e Brasil”. A declaração, feita em 10 de setembro de 2025, veio acompanhada da defesa de novas sanções direcionadas.
No Brasil, embora a dependência do petróleo russo seja bem menor, autoridades americanas destacam que o comércio crescente entre os dois países em fertilizantes e commodities também pode fortalecer a posição russa no cenário internacional.
Reação da Casa Branca
A Casa Branca já havia demonstrado incômodo anteriormente. Em agosto, um assessor ligado ao ex-presidente Donald Trump acusou abertamente a Índia de “financiar a guerra russa” ao ampliar suas importações energéticas. Dias depois, um conselheiro econômico do governo Biden reforçou a crítica, dizendo estar “profundamente desapontado” com a postura de Nova Délhi.
Para Washington, cada barril adquirido significa mais recursos disponíveis para Moscou investir em drones, mísseis e manutenção de tropas. A pressão para que aliados ocidentais forcem mudanças na política comercial dos BRICS cresce, mas esbarra em interesses estratégicos de longo prazo.
Enquanto isso, líderes da OTAN alertam que o episódio dos drones derrubados na Polônia é um “precedente perigoso para toda a Europa”, reforçando a narrativa de que o conflito já extrapolou fronteiras ucranianas.
BRICS sob escrutínio
O bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul vem buscando se posicionar como alternativa à ordem financeira global dominada pelo Ocidente. Com iniciativas como o New Development Bank (NDB) e acordos de comércio em moedas locais, o BRICS tenta reduzir sua dependência do dólar.
Ainda que oficialmente não haja qualquer compromisso de apoio militar entre os membros, analistas enxergam no fortalecimento econômico do grupo uma forma indireta de sustentar a Rússia em plena guerra.
A crítica central é que, ao manter relações comerciais robustas com Moscou, os BRICS acabam minando o efeito das sanções ocidentais, prolongando o conflito e aumentando os custos humanitários e geopolíticos da guerra na Ucrânia.
Conclusão
As acusações de que o BRICS financia a Rússia expõem a tensão crescente entre o bloco e as potências ocidentais. Embora não haja provas de transferência direta de recursos militares ou estratégicos, a simples manutenção do comércio com Moscou já é suficiente para inflamar o debate.
A guerra, que agora ameaça arrastar a Polônia para o centro do conflito, mostra que o campo de batalha não é apenas militar: passa também por energia, economia e geopolítica. O futuro do BRICS, nesse contexto, pode determinar não só a duração da guerra na Ucrânia, mas também o equilíbrio de poder global nas próximas décadas.
Principais pontos
- BRICS é acusado de financiar indiretamente a Rússia por meio do comércio de petróleo e commodities
- EUA e OTAN pressionam Índia, China e Brasil, defendendo novas sanções e medidas restritivas
- Manutenção do comércio com Moscou é vista como fator que prolonga a guerra e reduz o impacto das sanções