- O processo de seleção do próximo presidente da Vale está em andamento, com consultorias de renome internacional sondando executivos para o cargo.
- O cronograma para definir e contratar o novo presidente está previsto para durar até o final de novembro.
- O governo federal tentou indicar Guido Mantega para a presidência da Vale em 2023, mas a indicação foi retirada devido à forte reação dos acionistas e investidores.
- O contrato de Eduardo Bartolomeo à frente da Vale foi prorrogado até o final do ano, após uma divergência no conselho sobre a renovação.
- Principais acionistas da Vale incluem a trading japonesa Mitsui, Previ, Bradespar, BlackRock e o grupo Cosan.
- O Ministério de Minas e Energia afirmou que não participa do processo de seleção do novo CEO.
- A Vale destacou que a sucessão de Bartolomeo está sob responsabilidade do conselho de administração da empresa.
O processo para selecionar o próximo presidente da Vale, que sucederá Eduardo Bartolomeo a partir de 1º de janeiro de 2025, está em andamento. Consultorias de headhunting de renome internacional estão sondando executivos de empresas para o cargo, segundo apurou o Estadão com fontes próximas ao processo e especialistas. O cronograma para definir e contratar o novo comandante da mineradora está previsto para durar até o final de novembro.
O comitê do conselho de administração da Vale, encarregado do trabalho de seleção, iniciou a fase de cotações junto a um grupo de consultorias. Uma delas será escolhida e contratada para buscar o executivo com o perfil desejado para o cargo. O prazo para essa etapa é até 30 de junho, conforme o cronograma da companhia. Após as entrevistas e avaliações dos candidatos, será elaborada uma lista tríplice, que será entregue ao conselho de administração da Vale, composto por 13 conselheiros.
A sucessão ganhou contornos políticos desde que o governo federal, representado pelo Presidente da República, tentou, em maio de 2023, lançar o nome de Guido Mantega à presidência da Vale. Isso gerou uma forte reação de acionistas e investidores da mineradora, levando à retirada da indicação em fevereiro. A pressão do governo tinha como base a participação societária (8,7%) da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, na mineradora.
O contrato de Bartolomeo à frente da Vale, que vence em 31 de maio, foi prorrogado até o final do ano. Isso ocorreu após uma divergência no conselho em relação à renovação por mais três anos. Essa decisão provocou a renúncia de um dos conselheiros, José Luciano Duarte Penido, que alegou interferência política e interesses de acionistas de referência da empresa em uma carta de renúncia.
Os principais acionistas da Vale, desde 2020 uma corporation, são a trading japonesa Mitsui, Previ, Bradespar (holding ligada ao Bradesco), o fundo americano BlackRock e o grupo Cosan, do empresário Rubens Ometto.
Procurado para comentar sobre o processo em curso na companhia, conduzido pelo conselho administrativo, o Ministério de Minas e Energia informou, por meio da assessoria, que não participa do processo e que o ministro Alexandre Silveira já declarou publicamente que não há interferência do governo na escolha do novo CEO.
A Vale, por sua vez, afirmou, por meio de sua assessoria, que não comenta o assunto da troca na presidência e reforçou que a sucessão de Bartolomeo está a cargo do conselho de administração da companhia.
Desdobramentos
- O BTG Pactual rebaixou a recomendação de compra das ações da Vale para “neutra” devido à tumultuada sucessão na empresa.
- As ações da Vale já caíram 14,49% neste ano, e um relatório recente do banco destacou que o rebaixamento se justifica pelo intenso ruído nas últimas semanas.
- O ruído aumentou devido às discussões sobre o próximo CEO da empresa e às notícias relacionadas à Samarco/Renova.
- Interrupções operacionais em minas no estado do Pará também contribuíram para a decisão de rebaixamento da recomendação.
- A Secretaria do Meio Ambiente do estado suspendeu as licenças das minas, refletindo uma animosidade das autoridades locais em relação à empresa.
- A Vale reiterou seu compromisso de diálogo com as autoridades competentes diante das suspensões de licenças.
- Representantes de acionistas estrangeiros, como a japonesa Mitsui e fundos de investimentos como BlackRock e Capital, mudaram de lado e votaram pela substituição de Bartolomeo.
- Apenas os conselheiros independentes Paulo Hartung e José Luciano Penido se mantiveram contrários à saída do CEO, sendo mais refratários à influência do governo na empresa.