Mercado Automotivo e Mobilidade Elétrica

BYD supera a Tesla em receita em 2024 mas perde em valor de mercado

BYD fecha 2024 com US$ 107 bilhões em receita, superando a Tesla em vendas. Apesar disso, montadora chinesa ainda vale menos no mercado financeiro.

Arte: GDI
Arte: GDI
  • Empresa chinesa ultrapassa a Tesla em faturamento e volume, com 3,02 milhões de veículos vendidos.
  • Investidores seguem apostando no potencial tecnológico, margem por unidade e inovação da montadora americana.
  • Companhia aposta em preços competitivos, novos mercados e verticalização da produção para crescer.

A montadora chinesa BYD terminou o ano de 2024 com uma receita global de US$ 107 bilhões, ultrapassando pela primeira vez a Tesla nesse indicador. O feito reforça o avanço da fabricante asiática no mercado global de veículos elétricos, embora seu valor de mercado ainda fique abaixo da rival americana.

Receita recorde fortalece liderança da BYD no setor automotivo

Segundo balanço publicado nesta semana, a BYD teve crescimento de 42% na receita anual, sendo a montadora de veículos elétricos que mais vende no mundo. Em 2024, a empresa comercializou cerca de 3,02 milhões de veículos, número superior ao da Tesla, que entregou 1,84 milhão de unidades no mesmo período.

Além disso, o lucro líquido da companhia atingiu US$ 5,55 bilhões, um salto de 81% em relação a 2023, conforme apurou o InfoMoney. Parte desse desempenho foi impulsionada pelo crescimento nas vendas domésticas na China, além da expansão em mercados como América Latina, Sudeste Asiático e Europa Oriental.

No entanto, como aponta a Bloomberg Línea, apesar da receita superior, o valuation da BYD ainda é significativamente menor: cerca de US$ 80 bilhões, enquanto a Tesla segue avaliada em aproximadamente US$ 560 bilhões. Isso mostra que, apesar do avanço operacional, o mercado ainda precifica a marca americana com base em sua capacidade de inovação, presença global consolidada e apelo tecnológico.

Tesla mantém valorização alta, mesmo com menor faturamento

A Tesla, embora tenha sido superada em receita e volume de vendas, segue com grande respaldo do mercado financeiro. O E-Investidor destaca que o desempenho das ações da Tesla é sustentado por apostas em inovação, como o desenvolvimento do Full Self-Driving (FSD) e a futura rede de robotáxis, que podem gerar novas fontes de receita.

Além disso, investidores continuam confiando na liderança de Elon Musk no desenvolvimento de soluções além da mobilidade, como inteligência artificial e integração energética. A marca Tesla também possui maior presença nos EUA e Europa Ocidental, regiões com margens mais altas e maior fidelidade do consumidor.

Portanto, mesmo com menor receita, a empresa americana se mantém como referência global em tecnologia automotiva, o que explica seu múltiplo de valor de mercado bem mais elevado.

Estratégias distintas explicam diferença no valuation

De acordo com análise publicada pela Exame, um dos motivos que mantém a Tesla mais valorizada é seu modelo de negócio com margens maiores, ao contrário da estratégia de volume adotada pela BYD. Enquanto a montadora chinesa atua com preços mais baixos e foco em escala, a Tesla segue apostando em margens elevadas, serviços digitais e vendas diretas.

A publicação também destaca que a BYD tem investido fortemente em fábricas próprias de baterias, o que garante maior controle de custos e resiliência na cadeia de produção. Por outro lado, esses investimentos reduzem temporariamente a margem de lucro, o que pode impactar a percepção de investidores mais conservadores.

Portanto, enquanto a BYD lidera em números absolutos de vendas e receita, a Tesla ainda se beneficia de um modelo mais rentável por unidade vendida e de uma imagem mais consolidada entre investidores institucionais.

BYD amplia presença global com estratégia agressiva

Apesar da diferença no valuation, a BYD vem ganhando espaço em mercados antes dominados por montadoras tradicionais. A empresa chinesa iniciou operações industriais no Brasil, Hungria e Tailândia, além de expandir sua rede de distribuição para mais de 70 países.

No Brasil, por exemplo, a companhia anunciou a inauguração de uma planta de montagem de veículos elétricos na Bahia, com previsão de operação em 2025. A estratégia mira consumidores da América Latina com modelos mais acessíveis, como o Dolphin Mini, que ganhou destaque pelo preço competitivo.

Segundo a Bloomberg Línea, a empresa também planeja investir em infraestrutura de recarga e baterias de lítio, com objetivo de tornar-se uma fornecedora global de soluções completas em mobilidade elétrica.

Luiz Fernando
Estudante de Jornalismo, apaixonado por esportes, música e cultura num geral.