Boas expectativas

Café mais barato? O que ninguém esperava está prestes a acontecer nos supermercados!

Após alta no início do ano, setor se equilibra com aumento da oferta e melhora nas margens da indústria.

cafe acucar widelg
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  • A cadeia do café se reequilibra com aumento da oferta e margens recompostas, permitindo queda gradual dos preços ao consumidor.
  • Produtividade nas lavouras melhora e indústria ajusta blends, beneficiando produtores e torrefações após meses de pressão.
  • Riscos climáticos continuam no radar, mas expectativa é de recuperação no consumo e possível alívio inflacionário a partir do segundo semestre.

Depois de meses de preços elevados nas gôndolas, o café pode finalmente começar a aliviar o bolso do consumidor. Uma combinação de fatores está favorecendo a queda gradual nos valores: o aumento da produtividade no campo, os ajustes nos blends usados pelas torrefações e a recomposição das margens industriais.

Segundo Vicente Zotti, cofundador do Grupo Pine, essa nova dinâmica traz mais equilíbrio à cadeia produtiva e favorece todos os envolvidos — do agricultor ao varejo. Além disso, o possível recuo nos preços pode reaquecer o consumo, que vinha desacelerado desde janeiro.

Da crise ao alívio

No início de 2024, a situação era preocupante para a indústria de café. A escassez da matéria-prima, somada à valorização internacional da commodity, pressionou os custos das torrefações. Sem alternativa, muitas empresas repassaram esses aumentos ao consumidor, o que fez o preço nas prateleiras atingir níveis históricos.

Ainda assim, os produtores não viram grandes ganhos. Como a oferta era baixa, a rentabilidade não compensava os custos crescentes. O resultado foi uma retração no consumo. Nos primeiros quatro meses do ano, muitos brasileiros passaram a comprar menos café ou a optar por marcas mais baratas.

Agora, o cenário começou a mudar. Com a melhora na colheita e o uso estratégico de diferentes tipos de grãos — como a combinação de Arábica e Conilon —, a indústria volta a operar de forma mais confortável. “A produtividade voltou a subir. No Arábica, acima de 20 sacas por hectare já permite lucro. No Conilon, esse número chega a 80 sacas”, explica Zotti.

Expectativa de preços mais baixos

Esse realinhamento cria espaço para que os preços no varejo comecem a cair. Os consumidores devem sentir os primeiros efeitos dessa mudança a partir de julho, com impactos mais visíveis entre agosto e setembro, de acordo com o especialista. A tendência, porém, é de queda moderada e gradual — sem rupturas.

Nesse sentido, além da oferta maior, a recomposição das margens na indústria permite mais competitividade nos preços, o que pode estimular promoções, novos lançamentos e maior presença do café em diferentes canais de venda.

“O momento agora é mais saudável. A indústria consegue respirar, o produtor começa a ver retorno e o consumidor deve ser beneficiado por essa nova dinâmica”, resume Zotti. Ele reforça que não se trata de uma queda abrupta, mas de um processo sustentado que pode durar até o fim do ano.

Riscos climáticos ainda preocupam

Apesar do otimismo, o cenário não está livre de ameaças. A principal preocupação segue sendo o clima. A chegada da entressafra traz consigo o período de dormência das lavouras. Qualquer estiagem severa ou falha na florada pode comprometer a próxima colheita.

“Ainda é cedo para cravar que 2025 terá uma boa safra. Tudo vai depender do clima entre setembro e dezembro, especialmente nas regiões produtoras de Arábica em Minas Gerais e Conilon no Espírito Santo”, alerta Zotti.

Mesmo com essas incertezas, o segundo semestre tende a ser de retomada no consumo. A confiança do setor é que o equilíbrio atual consiga se manter, e que eventuais adversidades sejam compensadas por planejamento e estratégias de produção.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.