
- Caixa libera até 80% de financiamento e busca reaquecer o mercado imobiliário
- Mudanças no FGTS e na poupança devem injetar R$ 40 bilhões na economia
- Governo Lula mira a classe média e reforça programas até 2026
A Caixa Econômica Federal voltou a financiar até 80% do valor dos imóveis no sistema de amortização SAC, em que as parcelas começam mais altas e diminuem com o tempo. A medida marca o retorno do crédito mais acessível após meses de restrição devido à falta de recursos da poupança.
O presidente do banco, Carlos Vieira, anunciou a mudança nesta sexta-feira (10). Segundo ele, as novas regras do FGTS e da poupança foram decisivas para liberar recursos e aumentar o alcance do crédito imobiliário entre famílias de classe média.
Governo busca reativar crédito habitacional
Desde novembro de 2024, a Caixa limitava o financiamento a 70% do valor do imóvel. Agora, com o novo modelo, os bancos terão mais liberdade para usar o dinheiro da poupança, desde que comprovem a aplicação em crédito habitacional.
Pelas novas regras, 80% dos valores serão destinados ao SFH, com juros máximos de 12% ao ano, enquanto os 20% restantes irão ao SFI, com taxas de mercado. Assim, o governo tenta reduzir o custo do crédito e aumentar o acesso à casa própria.
As mudanças também visam aliviar a pressão sobre o setor, que enfrenta juros altos, demanda aquecida e forte saída de recursos da poupança. Vieira afirmou que a medida “abre uma nova fase de expansão segura do crédito no país”.
Foco em classe média e expansão até 2026
A decisão faz parte da estratégia do governo Lula de reaproximar a classe média das políticas de habitação. O novo modelo atenderá famílias com renda entre R$ 12 mil e R$ 20 mil, público que ficou fora dos programas sociais nos últimos anos.
Segundo o ministro das Cidades, Jader Filho, a Caixa deve financiar 80 mil novas unidades até 2026. A vice-presidente Inês Magalhães estima que o banco injetará R$ 40 bilhões em crédito imobiliário com a nova política.
O governo também reajustou o teto do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões, ampliando o uso do FGTS na compra de imóveis. Portanto, a Caixa, que responde por 70% dos financiamentos do país, liderará a adoção do modelo até 2027.
Haddad e Lula defendem pacote habitacional
Durante o lançamento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o novo crédito “fecha o ciclo de reformas iniciado em 2023”, citando o Desenrola Brasil e o Marco de Garantias. Ele defendeu que a medida fortalece a economia e devolve “esperança ao trabalhador”.
Além disso, Haddad também elogiou o ministro do Trabalho, Luís Marinho, que reformulou o saque-aniversário do FGTS. Segundo ele, o antigo modelo foi “uma das maiores injustiças já cometidas contra o trabalhador brasileiro”.
Desse modo, no encerramento, Haddad deixou um recado político: “Não se ganha eleição impedindo o governo de fazer o bem”, em referência às resistências do Congresso às pautas econômicas.