Setor aéreo

Carro voador da Embraer ganha investimento milionário e pode decolar antes do previsto

Subvenção de R$ 90 milhões impulsiona desenvolvimento do eVTOL com foco em sustentabilidade e mobilidade urbana.

Crédito: Depositphotos
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  • Finep destina R$ 90 milhões não reembolsáveis para desenvolvimento do “carro voador” da Embraer; empresa investirá R$ 101 milhões adicionais.
  • Fábrica em Taubaté (SP), com apoio do BNDES, deve empregar mil pessoas e fabricar até 480 unidades por ano.
  • eVTOLs prometem reduzir o tempo e custo de viagens urbanas, com impacto ambiental mínimo e alta demanda já confirmada.

O futuro da aviação começa a decolar no Brasil. A Eve Air Mobility, empresa da Embraer, acaba de conquistar um investimento não reembolsável de até R$ 90 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para desenvolver seu “carro voador”. A iniciativa visa transformar a mobilidade urbana e tornar os voos mais acessíveis, limpos e silenciosos — com previsão de estreia em 2027.

Apoio inédito acelera inovação no setor aéreo

Essa é a primeira vez que a Embraer recebe apoio financeiro não reembolsável para inovação. A Finep, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, selecionou a Eve por meio de chamada pública. Para receber os recursos, a Embraer também investirá R$ 101 milhões em contrapartida, totalizando R$ 191 milhões.

A Eve aplicará o investimento principalmente no desenvolvimento de seu ecossistema digital, incluindo o TechCare — um pacote de soluções que aprimora as operações, o suporte ao cliente e os serviços dos eVTOLs. Esses veículos elétricos de pouso e decolagem vertical são conhecidos como “carros voadores” e têm estrutura semelhante à de helicópteros.

Além disso, os recursos vão financiar pesquisas em áreas-chave: sistemas autônomos de voo, propulsão híbrida e por hidrogênio, combustíveis sustentáveis (SAF), redução de ruído, materiais avançados e gerenciamento de tráfego aéreo urbano.

Testes avançam e marcam nova fase do projeto

Desde janeiro, os engenheiros da Eve vêm realizando testes com o protótipo do eVTOL na planta da Embraer em Gavião Peixoto (SP). A empresa considerou o primeiro teste do motor traseiro, conhecido como pusher, um marco no desenvolvimento da aeronave. Assim, mesmo realizado em solo, ele validou a comunicação entre motor e sistema de controle remoto, etapa crucial para garantir a segurança dos futuros voos.

Além disso, embora a empresa já tenha quase 3 mil encomendas do modelo, ainda é preciso passar pela regulamentação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Como ainda não existe uma regulação específica para eVTOLs, a Anac adaptará os critérios de certificação a partir dos Regulamentos Brasileiros da Aviação Civil (RBAC).

A expectativa da Eve é obter a certificação da aeronave em 2027, ano em que também devem ocorrer as primeiras entregas e operações comerciais.

Produção nacional com apoio do BNDES

O projeto também conta com uma fábrica em Taubaté (SP), viabilizada por um financiamento de R$ 500 milhões do BNDES. A planta, que pertence à própria Embraer, será o coração da produção dos “carros voadores” no Brasil. Estão previstas até 480 unidades por ano em plena operação e geração de cerca de mil empregos diretos.

O acordo com o banco prevê que a unidade de fabricação fique no Brasil, fortalecendo o Vale do Paraíba como polo tecnológico. A empresa planeja escalonar a produção em quatro fases para acompanhar a demanda global.

A Eve já havia recebido em 2022 um financiamento de R$ 490 milhões para desenvolver o eVTOL. Portanto, o novo aporte será usado para estruturar a fábrica, com prazo de pagamento de 16 anos.

Mobilidade urbana mais acessível e limpa

Os eVTOLs foram idealizados para atender principalmente deslocamentos curtos — até 100 km — em áreas urbanas e metropolitanas. A promessa é reduzir viagens de carro que durariam uma hora para apenas 15 minutos. E mais: com zero emissão de carbono, menos ruído e menor custo operacional do que helicópteros.

Nesse sentido, as primeiras operações devem ocorrer em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Francisco (EUA), além de países como Noruega, Austrália, Quênia, Reino Unido e Emirados Árabes.

Portanto, o modelo terá capacidade para quatro passageiros e um piloto. Desse modo, as viagens poderão ser reservadas por aplicativos, com preços semelhantes aos de apps de corrida. Em simulações, uma viagem entre a Barra da Tijuca e o Galeão custaria a partir de R$ 99.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.