
- Imposto de importação para veículos eletrificados começou a subir em julho de 2024 e seguirá até 2026, chegando a 35%.
- Montadoras ainda podem importar com isenção dentro de cotas anuais válidas até junho de 2026.
- Governo quer impulsionar a indústria nacional, mas consumidores devem enfrentar preços mais altos já neste semestre.
O governo federal deu início, na terça-feira (1º), a uma nova etapa no plano que vai aumentar — e muito — os impostos sobre carros elétricos e híbridos importados. A decisão segue um cronograma definido desde 2023 e promete mudar o jogo no setor automotivo.
Imposto mais alto já começou a valer
Quem pensava em comprar um carro elétrico ou híbrido importado precisa agir rápido. Isso porque os tributos que incidem sobre esses modelos começaram a subir, e a tendência é de que os preços nas concessionárias acompanhem essa alta.
Desde janeiro, as tarifas sobre os eletrificados passaram a ser aplicadas de forma gradual. Agora, com o início de julho, a segunda etapa entrou em vigor. Para os carros totalmente elétricos, por exemplo, a alíquota subiu de 10% para 18%. Já os híbridos plug-in passaram de 12% para 20%.
No caso dos híbridos convencionais, o salto foi ainda maior: de 15% para 25%. E isso é só o começo. O cronograma do governo prevê novos aumentos até atingir 35% em julho de 2026.
Cronograma de aumentos vai até 2026
O plano oficializado pela Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex) tem um objetivo claro: incentivar a produção nacional de veículos sustentáveis. Mas, na prática, quem vai sentir no bolso é o consumidor.
Confira o cronograma completo:
Carros híbridos:
- 15% desde janeiro de 2024
- 25% em julho de 2024
- 30% em julho de 2025
- 35% em julho de 2026
Híbridos plug-in:
- 12% desde janeiro de 2024
- 20% em julho de 2024
- 28% em julho de 2025
- 35% em julho de 2026
100% elétricos:
- 10% desde janeiro de 2024
- 18% em julho de 2024
- 25% em julho de 2025
- 35% em julho de 2026
Para especialistas do setor, esse movimento encarece a compra no curto prazo, mas tende a beneficiar a indústria nacional no médio e longo prazo. Ainda assim, os consumidores que sonham com um carro elétrico mais barato terão que esperar mais do que gostariam.
Montadoras ainda têm isenção parcial
Apesar dos aumentos, nem tudo mudou de uma vez. As montadoras seguem podendo importar veículos com isenção, desde que dentro de cotas anuais estabelecidas pelo governo. Essas cotas, no entanto, têm data para acabar: junho de 2026.
A medida foi pensada como uma espécie de “trégua” para as empresas que ainda estão se adaptando ao novo modelo. Mas o setor produtivo já vinha pressionando o governo para encerrar essas isenções mais rapidamente.
A Anfavea, entidade que representa as montadoras, defende que a prolongação da isenção prejudica a indústria brasileira. Segundo a associação, empresas estrangeiras estavam invadindo o mercado com modelos mais baratos graças à ausência de impostos.
Preço vai subir e mercado vai se reacomodar
Com o fim das isenções e a subida dos impostos, o mercado nacional de carros eletrificados deve passar por uma reacomodação. Fabricantes como BYD e GWM, que cresceram no Brasil apostando em importações, podem perder competitividade.
Enquanto isso, marcas com fábricas em território nacional tendem a se fortalecer. Algumas já anunciaram investimentos para montar carros elétricos aqui. A mudança, portanto, pode incentivar a indústria, embora o consumidor vá pagar a conta nesse momento.
Vale lembrar que o governo também estuda criar novos incentivos à produção de veículos sustentáveis no Brasil. Linhas de crédito, estímulos fiscais e inovação tecnológica fazem parte do pacote que está em análise no Ministério da Indústria.