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Carros sem motorista podem virar mina de ouro para seguradoras, diz Bank of America

Analistas afirmam que transferir a responsabilidade dos motoristas para montadoras pode aumentar margens do setor.

Crédito: Depositphotos.
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  • Carros autônomos podem transferir a responsabilidade de acidentes de motoristas para montadoras e engenheiros.
  • BofA afirma que a mudança pode aliviar custos de responsabilidade civil e aumentar a lucratividade das seguradoras.
  • Mercado de seguros de automóveis nos EUA movimenta US$ 400 bilhões e passa por reconfiguração com a nova tecnologia.

O avanço dos carros autônomos pode transformar radicalmente o setor de seguros de automóveis. Para o Bank of America (BofA), em vez de ser uma ameaça, a tecnologia pode abrir espaço para maior lucratividade.

Isso porque, sem motorista, a responsabilidade em caso de acidente tende a migrar para montadoras e empresas de software. Essa mudança pode reduzir riscos para seguradoras e eliminar um dos principais fatores que corroem os balanços.

Responsabilidade em debate

Nos EUA, hoje o motorista responde por acidentes. Porém, com veículos sem condutor, a equação muda. O BofA aponta que fabricantes e engenheiros devem assumir o ônus legal em situações de sinistro.

Segundo o banco, as seguradoras de linhas pessoais normalmente perdem dinheiro com a cobertura de responsabilidade civil. Assim, transferir essa fatia para o setor comercial pode aliviar custos e aumentar margens.

Na prática, isso significa que seguradoras processariam os pedidos de indenização, mas repassariam a conta para as empresas responsáveis pelos sistemas e pela produção dos veículos.

Críticas e contrapontos

Especialistas alertam que os carros autônomos não representam apenas ganhos. Críticos argumentam que a redução de acidentes por erro humano pode diminuir a demanda por seguros e pressionar o faturamento das empresas.

O BofA, no entanto, ressalta que os dados contam outra história. Embora a frequência de acidentes tenha caído ao longo de cem anos, a gravidade deles aumentou nas últimas décadas, superando qualquer benefício obtido com menos colisões.

Esse cenário indica que, mesmo com tecnologia de ponta, os custos de indenização continuam crescendo. Para seguradoras, isso pode justificar prêmios mais altos e preservar margens.

Transformação em curso

Grandes nomes como Tesla e Waymo (Alphabet) já operam táxis sem motorista em cidades dos EUA. Esse movimento acelera a necessidade de uma reconfiguração do setor, avaliado em US$ 400 bilhões.

Em junho, o Goldman Sachs projetou que os carros autônomos podem provocar uma mudança estrutural nesse mercado, alterando modelos de negócio e ampliando disputas legais.

Apesar dos desafios, analistas afirmam que seguradoras têm muito a ganhar se conseguirem repassar riscos para fabricantes, enquanto mantêm participação no mercado de proteção veicular.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.