
- Banco do Brasil emitiu cartão Elo a Moraes após bloqueio de bandeira americana.
- Regulamento da Elo impede relações com clientes sancionados por EUA e ONU.
- Conexões internacionais da Elo podem barrar o uso do cartão por Moraes.
Após ter um cartão internacional bloqueado por causa das sanções impostas pelos Estados Unidos, o ministro do STF Alexandre de Moraes recebeu do Banco do Brasil um cartão de crédito Elo, bandeira que se apresenta como “100% brasileira”.
Mas o alívio pode ser apenas aparente. O regulamento da própria Elo inclui cláusulas que podem impedir Moraes de usar o novo cartão, já que a empresa obriga bancos parceiros a respeitar sanções emitidas pelo Tesouro dos EUA e pela ONU.
Regras em conflito
O estatuto da Elo, com mais de 300 páginas, traz exigências claras: participantes do sistema de pagamentos não podem manter relação com clientes sancionados por organismos como o Departamento de Estado americano ou o OFAC, órgão que administra ativos estrangeiros.
A sanção contra Moraes, assinada pelo secretário de Estado Marco Rubio e transmitida ao OFAC, cumpre exatamente essas condições. Ou seja, a própria bandeira nacional impõe restrições que podem enquadrar o ministro.
Isso mostra que, mesmo com o discurso de independência e de ser “100% brasileira”, a Elo também precisa respeitar normas internacionais ligadas a parceiros estratégicos.
Elo não está isolada
Apesar de processar operações dentro do Brasil, a Elo mantém conexões externas. As transações em reais, por exemplo, são processadas pela holandesa Adyen, sujeita a sanções americanas.
Além disso, a bandeira tem uma parceria com a Discover, dos EUA, que garante aceitação em mais de 200 países e acesso a 1,2 milhão de caixas eletrônicos no mundo. Essa ligação reforça os riscos de bloqueio.
Assim, mesmo com o cartão emitido pelo Banco do Brasil, Moraes pode enfrentar obstáculos práticos para utilizá-lo em transações fora do país ou em operações ligadas a instituições internacionais.
Silêncio oficial
Procurada pela imprensa, a Elo preferiu não se pronunciar sobre a possibilidade de bloqueio. O Banco do Brasil também não comentou, alegando questões de sigilo bancário.
Bradesco e Caixa Econômica Federal, sócios da Elo, também evitaram falar publicamente sobre o caso. Em reuniões internas, bancos manifestaram desconforto em lidar com a situação.
Enquanto isso, Moraes mantém a rotina e não comentou publicamente as sanções. Em evento em São Paulo, preferiu tratar de temas técnicos ligados à Lei de Improbidade Administrativa.