
- Os EUA reforçaram que Maduro não é governo legítimo e deslocaram tropas para o Caribe
- Caracas respondeu mobilizando 4,5 milhões de milicianos e levando o caso à ONU
- Países da região se dividiram entre apoio a Washington e solidariedade à Venezuela
A crise entre Estados Unidos e Venezuela ganhou novos contornos na última quinta-feira (28). A Casa Branca afirmou que Nicolás Maduro não é o governo legítimo e reforçou que está disposta a usar “todos os elementos da força americana” contra o narcotráfico.
Embora tenha evitado confirmar a possibilidade de uma operação militar direta, Washington movimentou tropas, aviões e navios de guerra para o sul do Caribe, bem próximo ao litoral venezuelano. A medida aumentou a sensação de confronto iminente e provocou reações duras em Caracas.
A escalada dos Estados Unidos
A porta-voz Karoline Leavitt declarou que Maduro é “um fugitivo e chefe de um cartel narcoterrorista”. No início de agosto, o governo Trump dobrou de US$ 25 milhões para US$ 50 milhões a recompensa por informações que levem à prisão do líder venezuelano.
A ofensiva foi acompanhada da decisão americana de classificar o Cartel de los Soles como organização terrorista internacional. Assim, segundo Washington, militares de alto escalão estariam envolvidos no esquema de tráfico de drogas que sustentaria o regime de Maduro.

Esse discurso reforça o isolamento diplomático de Caracas e aumenta a percepção de que a Casa Branca não descarta medidas mais duras. Desse modo, o deslocamento militar, mesmo sem confirmação de ataque, já funciona como instrumento de pressão política.
A reação de Caracas
O presidente Nicolás Maduro respondeu com mobilização militar em larga escala. Em pronunciamento, ele anunciou o alistamento de 4,5 milhões de milicianos e prometeu armar forças camponesas com fuzis e mísseis. A estratégia, segundo o governo, é garantir a defesa da soberania nacional diante do que chamou de “ameaça imperialista”.

Paralelamente, 15 mil militares foram enviados para a fronteira com a Colômbia, país que acusou os EUA de usar o narcotráfico como “desculpa” para uma invasão militar. Além disso, Caracas levou ainda o caso ao Conselho de Segurança da ONU, pedindo monitoramento da escalada.
Esse contra-ataque discursivo e militar mostra a disposição do governo venezuelano em confrontar Washington, mesmo que o risco de isolamento internacional cresça ainda mais. Portanto, o tom beligerante reforça a percepção de que o conflito pode escalar rapidamente.
Apoio e divisões regionais
Enquanto aliados próximos de Maduro, como Cuba e Nicarágua, demonstraram solidariedade, outros países da região apoiaram a decisão dos EUA de classificar o cartel como grupo terrorista. Argentina, Equador, Paraguai, Guiana e Trinidad e Tobago se alinharam ao posicionamento de Washington.
Ademais, essa divisão expõe a falta de consenso na América Latina e enfraquece iniciativas diplomáticas regionais. Ao mesmo tempo, amplia a complexidade do cenário, já que parte dos vizinhos vê na pressão americana uma oportunidade de frear o regime chavista.
Por fim, a polarização regional aumenta o risco de prolongamento da crise, pois cada lado busca reforçar alianças externas. Nesse contexto, a escalada militar se soma ao desgaste político e amplia a instabilidade econômica da Venezuela.