
- Supremo revalida parte do decreto de Lula que eleva IOF sobre remessas internacionais
- CEO da Avenue critica medida e diz que ela isola o Brasil das transformações globais
- Corretora vai reembolsar clientes que enviarem dinheiro para o exterior em 17 e 18 de julho
Durante evento realizado nesta quinta-feira (17), o CEO e fundador da Avenue, Roberto Lee, fez duras críticas ao aumento do IOF sobre remessas ao exterior, validado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão restabeleceu trechos de um decreto do governo Lula que haviam sido derrubados pelo Congresso Nacional.
Nesse sentido, em sinal de protesto, Lee anunciou que a corretora irá reembolsar os clientes que realizarem remessas internacionais para fins de investimento nos dias 17 e 18 de julho. A medida, segundo ele, é simbólica, mas reflete o descontentamento com a instabilidade tributária do país.
“Estão taxando o uso do nosso próprio dinheiro”
Para Roberto Lee, a decisão do STF e o decreto vão além de um aumento de impostos. Ele vê sinais de desorganização e autoritarismo fiscal.
Lee considerou a alíquota de 3,5% sobre remessas e 1,1% sobre investimentos internacionais um ataque à liberdade de escolha do cidadão sobre seu patrimônio.
“É uma taxação que incide sobre o uso do nosso próprio dinheiro”, criticou. Além disso, segundo ele, esse tipo de medida dificulta o acesso do brasileiro a mercados globais e amplia a percepção de risco sobre o país.
Por fim, Lee ainda reforçou que, em um mundo movido por inovação, inteligência artificial e abertura econômica, o Brasil está andando na direção oposta ao impor mais entraves e incertezas regulatórias.
Reembolso em protesto contra instabilidade
Como resposta prática, a Avenue decidiu devolver aos clientes o valor correspondente à diferença das alíquotas de IOF cobradas nas operações de remessa para investimento feitas nesta quinta e sexta-feira. A iniciativa, inédita no mercado financeiro nacional, busca demonstrar o posicionamento contrário da empresa diante da medida do STF.
“A gente queria, mesmo que de forma simbólica, mostrar nosso descontentamento e desaprovação”, explicou Lee. Ademais, segundo ele, a devolução também servirá para dar tempo aos investidores reagirem à mudança inesperada na tributação.
Portanto, a ação repercutiu rapidamente entre usuários da plataforma e nas redes sociais, onde muitos elogiaram a transparência e o compromisso da Avenue com seus clientes.
STF contraria decisão do Congresso
A polêmica começou com a derrubada, pelo Congresso Nacional, do decreto do governo federal que elevava o IOF sobre remessas. No entanto, o presidente Lula recorreu ao Supremo, e o ministro Alexandre de Moraes decidiu revalidar parte do decreto, mantendo as novas alíquotas com exceção da cobrança sobre operações de risco sacado.
Além disso, para Daniel Haddad, CIO da Avenue, o vai-e-volta da legislação mostra o tamanho da instabilidade institucional no Brasil. “Tira IOF, bota IOF… Isso mostra a dificuldade que temos de construir um ambiente de negócios previsível”, afirmou.
Portanto, a ausência de previsibilidade preocupa não apenas os investidores locais, mas também os estrangeiros. Desse modo, medidas como essa, mesmo pontuais, acabam por reforçar a imagem de um país hostil ao capital global.