
- A pesquisa atribui a Lula a maior fatia de culpa enquanto divide o restante entre Bolsonaro Eduardo e Moraes
- O tarifaço de 50 por cento impõe custo adicional às exportações e amplia incerteza nas cadeias produtivas
- O governo promete defesa robusta e medidas de alívio porém o mercado cobra prazos objetivos e detalhamento
A maioria dos brasileiros mira o Planalto. Segundo o Datafolha, 35% responsabilizam o presidente Lula pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre parte das exportações do Brasil. Em seguida aparecem Jair Bolsonaro com 22% e Eduardo Bolsonaro com 17%, enquanto Alexandre de Moraes soma 15%.
O levantamento ouviu 2.002 pessoas em 113 municípios nos dias 11 e 12 de agosto. A margem de erro é de dois pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%. Assim, a disputa por narrativas já contamina a economia e a política.
O que a pesquisa mostra
Os números revelam um ambiente polarizado. Ainda que 35% apontem Lula, outras parcelas dividem a culpa entre Bolsonaro e seu filho, além de Moraes. Desse modo, a percepção popular se espalha por atores com papéis distintos.
Além disso, 3% não veem culpados e 1% responsabiliza todos. Portanto, uma minoria rejeita a guerra de versões ou enxerga responsabilidade compartilhada.
No entanto, a leitura política domina a conversa pública. Como a margem de erro é de dois pontos, as posições se consolidam com folga suficiente para alimentar discursos opostos.
A batalha das narrativas
O governo Lula defende que o tarifaço tem motivação política e que o Brasil segue parceiro confiável. Ao mesmo tempo, o Planalto aposta em ampliar mercados e em reforçar o multilateralismo para reduzir danos.
Já Bolsonaro e Eduardo exploram a escalada retórica de Washington. Segundo eles, a reação americana nasce de supostas hostilidades a adversários internos, o que desloca o debate do comércio para a arena jurídica.
Além disso, Moraes apareceu no radar após sanções amparadas na Lei Magnitsky. Ainda que o ato mire indivíduos, o tema ganhou peso no noticiário. Assim, as críticas cruzadas avançam sobre o terreno econômico.
O tarifaço e seus efeitos
O governo dos EUA aplicou a tarifa de 50% sob o argumento de desequilíbrios comerciais e de um ambiente político conturbado. Embora a Casa Branca prometa exceções, o pacote adiciona custo e incerteza a embarques brasileiros.
Nesse cenário, Brasília montou medidas de amortecimento. Entre elas, vêm diferimentos de tributos para exportadoras e reforço a crédito com garantia pública. Contudo, empresários pedem detalhes e prazos mais claros.
Enquanto isso, setores com maior exposição ao mercado americano ajustam preços e rotas. Portanto, a pressão tende a recair sobre margens e empregos em cadeias sensíveis.
O que acompanhar a partir de agora
O Itamaraty prepara defesa formal e busca alinhamento com ministérios econômicos. Assim, a estratégia combina argumento técnico e articulação política.
Além disso, o governo tenta abrir portas em novos destinos para reduzir dependência dos Estados Unidos. Porém, acordos levam tempo e exigem previsibilidade regulatória.
Por fim, o termômetro doméstico seguirá quente. Se a percepção popular continuar a culpar o Planalto, a oposição ganhará fôlego. Caso o impacto real pese no bolso, a pressão por respostas imediatas deve crescer.