
- Empresas do setor elogiam o novo marco do EaD, destacando seu papel no alinhamento pedagógico e na melhoria da qualidade.
- Custos operacionais devem crescer, mas líderes se comprometem a evitar repasse direto aos alunos, apostando em tecnologia.
- Prazo de dois anos para adaptação é considerado essencial para uma transição segura e planejada pelas instituições de ensino.
O novo marco regulatório do ensino a distância (EaD) foi bem recebido pelos principais grupos educacionais do país, mesmo com o aumento previsto nos custos operacionais.
Nesta quarta-feira (21), os presidentes-executivos da Cogna e da Yduqs avaliaram de forma positiva o novo conjunto de regras anunciado pelo governo federal para reorganizar o modelo de educação a distância no Brasil. Apesar das restrições e das novas exigências, ambos destacaram o avanço no alinhamento pedagógico entre instituições.
O decreto, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta semana, veda o formato EaD para cursos de áreas essenciais como direito, medicina, enfermagem, odontologia e psicologia. A nova política também limita a apenas 30% a carga horária EaD em cursos presenciais e cria o modelo semipresencial, que deverá seguir diretrizes mais rígidas.
Alinhamento e qualidade são destacados pelas líderes
Durante um seminário organizado pelo Semerj (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior do Rio de Janeiro), Roberto Valério, CEO da Cogna (COGN3), afirmou que vê com bons olhos o novo marco. Segundo ele, as diretrizes diminuem as discrepâncias entre os formatos adotados pelas instituições e favorecem a consistência na oferta educacional.
“Temos agora um direcionamento mais claro. Isso ajuda a evitar modelos muito distintos, que confundem o aluno e prejudicam a qualidade do ensino”, afirmou Valério. Para ele, a definição de limites e exigências padronizadas fortalece a credibilidade do setor.
Além disso, Valério destacou que os cursos de saúde da Cogna já possuem 40% de carga presencial, o que os coloca próximos do novo limite de 30%. Com isso, ele avalia que a adaptação será viável, embora exija planejamento. “Para nós, será relativamente simples ajustar. Mas reconheço que muitas instituições precisarão de tempo para rever seus formatos”, afirmou.
Yduqs também apoia nova regulação
Eduardo Parente, presidente da Yduqs (YDUQ3), também elogiou a medida. Segundo ele, o EaD democratizou o acesso ao ensino superior no Brasil, mas a evolução agora precisa ocorrer com base na qualidade. “A regulação é essencial para garantir que essa expansão se dê de forma responsável e com foco na aprendizagem”, declarou.
Parente reconheceu que as novas exigências trarão custos adicionais. No entanto, ele acredita que é possível absorver parte dessas mudanças com soluções tecnológicas. “É claro que vamos gastar mais. Mas nosso compromisso é evitar que o aluno sinta esse impacto no bolso”, afirmou.
Para o executivo, a adoção de tecnologias e práticas já existentes em parte da rede será fundamental. Ele defende que o setor inteiro precisa evoluir no mesmo ritmo. “Metade das exigências nós já praticamos. Agora é hora de tornar isso padrão para todos.”
Período de transição será decisivo
Tanto Valério quanto Parente destacaram a importância do período de transição de dois anos, incluído no novo marco. Esse prazo é visto como essencial para que instituições de diferentes portes consigam se adequar sem comprometer sua operação.
A expectativa é de que, com regras mais claras, o setor possa combinar expansão com controle de qualidade. Além disso, o novo modelo deve coibir abusos e promover maior transparência nas ofertas de cursos EaD.
Embora ainda existam pontos a serem discutidos, o consenso entre os líderes do setor é que o novo marco representa um avanço. Ao mesmo tempo em que impõe desafios, ele abre caminho para uma educação mais equilibrada, confiável e voltada à formação real dos estudantes.