Pressão Inflacionária

Com alta do dólar, defasagem do preço dos combustíveis aumenta no Brasil

Preço de combustíveis: Impactos no mercado interno e na Inflação

Com alta do dólar, defasagem do preço dos combustíveis aumenta no Brasil

O mercado de combustíveis no Brasil segue em um momento de pressão, com uma defasagem média no preço de produtos como gasolina e óleo diesel, devido à alta nos valores internacionais e ao câmbio desfavorável. A defasagem média atinge -17% no óleo diesel e -12% na gasolina, conforme o relatório da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).

O preço de paridade de importação (PPI), uma referência para o custo de combustíveis, apresentou uma ligeira valorização no mercado internacional no fechamento do dia 02/01/2025, com o preço do barril de petróleo Brent sendo negociado acima de US$76. No entanto, a cotação do câmbio também segue pressionando os preços internos. O fechamento da taxa de câmbio Ptax foi registrado em R$6,21 por dólar, impactando diretamente o custo dos combustíveis importados.

Óleo diesel e gasolina: defasagem no mercado interno

A análise de arbitragem considerando seis principais polos de operação revela uma defasagem média de R$0,61 por litro tanto para o óleo diesel quanto para a gasolina. Para o óleo diesel, que já acumula 373 dias de vigência com uma redução linear média de R$ 0,30 por litro, a defasagem chega a -R$ 0,71 por litro em alguns polos, enquanto a gasolina registra uma defasagem de -R$ 0,37 por litro, variando conforme a localização.

A Acelen, operadora do Polo Aratu-BA, manteve os preços inalterados na última quarta-feira. Contudo, com a pressão do mercado internacional e do câmbio, a Paridade de Importação (PPI) apresenta aumento de R$0,39 por litro no diesel, e uma redução de R$0,10 por litro na gasolina, desde os últimos reajustes realizados pela Petrobras.

Impactos da inflação e projeções econômicas

O recente reajuste nos preços dos combustíveis pela Petrobras, com aumentos de 7% na gasolina e 9,6% no gás de cozinha (GLP), coloca em risco o cumprimento das metas de inflação do governo. Economistas como José Márcio Camargo, da Genial Investimentos, apontam que esse aumento pode levar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a superar o teto da meta inflacionária, que é de 4,5%. A revisão das projeções coloca a inflação de 2024 entre 4,10% e 4,49%, influenciada também pela desvalorização do real frente ao dólar.

A alta nos combustíveis eleva os custos de transporte e, consequentemente, impacta diretamente o preço dos alimentos e de outros bens essenciais.

Reajustes e expectativas de mercado

O reajuste nos preços, segundo analistas, reflete a necessidade da Petrobras de realinhar os valores ao mercado. Para o Itaú BBA, o aumento de 7% foi crucial para ajustar o preço da gasolina dentro das faixas de preço das últimas semanas. Investidores, como Graziela Ariosi da Swiss Capital Invest, consideram o reajuste como uma estratégia para aumentar a receita da empresa, o que pode resultar em lucros crescentes e valorização das ações da Petrobras.

Além disso, a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) aponta que o preço da gasolina segue com defasagem de 10%, e o diesel, 12%, indicando que o mercado interno ainda está abaixo da paridade de importação. A pressão externa do mercado global e as variáveis internas, como o câmbio e as políticas governamentais, continuam a ser fatores determinantes para a definição dos preços dos combustíveis no Brasil.