- The Economist descreveu a cidade como “esburacada” e com saneamento precário, prevendo uma “COP caótica”
- Com apenas 25 mil leitos disponíveis, a cidade ainda estuda alternativas como escolas, quartéis e motéis para receber até 50 mil visitantes
- A publicação destacou os desafios de saneamento, transporte e obras emergenciais, aumentando a pressão sobre o governo brasileiro
A cidade de Belém (PA), escolhida como sede da COP30, foi duramente criticada na edição mais recente da revista britânica The Economist, que alertou para uma possível “COP caótica” devido à falta de estrutura urbana, problemas de saneamento e escassez de acomodações.
A reportagem publicada nesta quarta-feira (10) expôs uma avaliação pessimista sobre a capacidade da capital paraense de receber o evento climático mais importante do ano, organizado pela ONU, previsto para novembro de 2025.
Com uma expectativa de público de até 50 mil pessoas, incluindo chefes de Estado, especialistas ambientais, empresários e representantes da sociedade civil global, o evento exige uma infraestrutura robusta. No entanto, segundo a The Economist, Belém está longe de estar preparada.
A revista descreveu a cidade como “esburacada, quente, pontilhada de esgoto a céu aberto e com escassez de leitos de hotel”. Dessa forma, o que acendeu o sinal de alerta na comunidade internacional e nos organizadores.
Hospedagem vira principal dor de cabeça para a COP30
A falta de uma rede hoteleira compatível com a dimensão da COP30 foi um dos pontos mais destacados pela The Economist. Atualmente, Belém conta com cerca de 25 mil leitos, número inferior à demanda prevista.
A matéria destacou que escolas e quartéis militares estão sendo adaptados como alojamentos temporários e que até motéis entraram na lista de opções de hospedagem. Contudo, medida que a revista tratou com ironia.
Outro ponto polêmico citado foi a explosão dos preços nas plataformas de aluguel temporário. A revista apontou que anúncios de quartos simples por até US$ 10 mil a noite podem afastar visitantes e dificultar a recepção internacional.
A crítica vem num momento em que o governo federal e o estado do Pará correm contra o tempo para concluir obras de infraestrutura. E, assim, garantir que a cidade esteja pronta até novembro de 2025.
Infraestrutura básica e saneamento expõem contradições
Além das acomodações, a The Economist apontou deficiências graves em infraestrutura urbana, com destaque para o saneamento básico. Segundo a revista, cerca de 40% das residências de Belém não estão conectadas à rede de esgoto. Assim, o que representa um contraste gritante para um evento que pretende discutir soluções sustentáveis e enfrentar os impactos da mudança climática.
A publicação também citou a necessidade de dragagens e obras emergenciais para conter alagamentos e melhorar o sistema de transporte urbano. A crítica afirma que, apesar do simbolismo de escolher Belém no coração da Amazônia, a infraestrutura precária da cidade pode manchar a imagem da COP30 e do Brasil como anfitrião.
A revista afirmou ainda que a Amazônia representa o dilema global entre desenvolvimento econômico e conservação ambiental, e que a COP30, sediada ali, “poderá tornar esse impasse ainda mais visível”.
Críticas internacionais pressionam governo brasileiro
A repercussão da reportagem da The Economist aumentou a pressão sobre o governo brasileiro, que vem defendendo a escolha de Belém como um gesto de valorização da Amazônia e da justiça climática.
A COP30 será a primeira cúpula climática da ONU realizada na região amazônica, o que, para o Planalto, representa uma oportunidade histórica de dar visibilidade às populações tradicionais e discutir o futuro da floresta com protagonismo local.
No entanto, a matéria da revista evidencia que há muito a ser feito em pouco tempo. O governo federal já anunciou investimentos em mobilidade urbana, saneamento e ampliação da rede de hospedagem, mas especialistas alertam que as obras precisam avançar com rapidez e planejamento.
O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, e o governador do Pará, Helder Barbalho, têm reiterado que a cidade estará pronta e que o evento deixará um legado duradouro para a região.
Mesmo assim, a crítica internacional chama atenção para o risco de improviso, caos logístico e contradições que podem ofuscar os debates ambientais. Para que a COP30 cumpra seu papel e evite embaraços diplomáticos, o Brasil terá que demonstrar capacidade de entrega. Além de articulação política e responsabilidade ambiental à altura do evento que pretende sediar.