- Ampliação do consignado para CLT pode movimentar R$ 120 bilhões
- Medida busca oferecer crédito mais barato a trabalhadores formais
- Economistas alertam para riscos de endividamento excessivo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) planeja lançar, nesta quarta-feira (12), uma medida provisória para ampliar o acesso ao crédito consignado para trabalhadores com carteira assinada (CLT). A iniciativa tem como objetivo impulsionar a economia, facilitando o financiamento para 42 milhões de brasileiros, incluindo empregados do setor privado e trabalhadores domésticos.
Novo modelo de crédito consignado
O crédito consignado já é amplamente utilizado por servidores públicos e aposentados do INSS, mas o acesso para trabalhadores formais do setor privado ainda enfrenta entraves burocráticos. Atualmente, a liberação do crédito depende de convênios entre empresas e instituições financeiras, dificultando sua adoção em larga escala.
Com a nova medida, o governo pretende simplificar esse processo utilizando o eSocial, sistema que unifica as informações trabalhistas, previdenciárias e fiscais das empresas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que essa plataforma permitirá aos trabalhadores acessarem ofertas de crédito de diferentes bancos e comparar as taxas de juros de forma transparente.
Impacto econômico esperado
O governo estima que a ampliação do crédito consignado possa triplicar a oferta atual, alcançando R$ 120 bilhões, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Esse volume representa um aumento significativo frente aos R$ 40 bilhões atualmente disponíveis para os trabalhadores do setor privado.
A expectativa é de que as taxas de juros do novo consignado fiquem em torno de 2,5% ao mês (34,4% ao ano), um patamar muito inferior às taxas cobradas em empréstimos pessoais tradicionais, que podem chegar a 90% ao ano. Essa diferença torna o consignado uma alternativa mais acessível para quem precisa de crédito, além de possibilitar a substituição de dívidas mais caras por financiamentos mais vantajosos.
Benefícios e desafios
O principal benefício da medida é o aumento da liquidez para os trabalhadores, permitindo maior poder de compra e potencialmente estimulando o consumo e o crescimento econômico. No entanto, especialistas alertam para riscos associados ao endividamento excessivo.
Rafael Schiozer, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), destaca que a facilidade de acesso ao crédito pode levar ao aumento do endividamento das famílias, caso os trabalhadores utilizem o consignado para consumo imediato sem planejamento financeiro adequado.
Além disso, a ampliação do crédito pode impactar a inflação, uma vez que um maior volume de recursos circulando na economia tende a pressionar os preços. Esse cenário pode dificultar o trabalho do Banco Central em controlar a inflação por meio da taxa de juros.
Medida provisória e perspectivas
Para garantir a segurança financeira dos trabalhadores, a medida provisória incluirá mecanismos de transparência, como a plataforma de comparação de taxas bancárias. O governo acredita que essa iniciativa reduzirá abusos e tornará o crédito mais acessível e justo.
A ampliação do crédito consignado chega em um momento em que o governo busca aumentar sua popularidade e fortalecer a economia. Em fevereiro, o Palácio do Planalto já havia anunciado a liberação de recursos do FGTS. Assim, com potencial de injetar até R$ 12 bilhões na economia.
Com essa nova ação, Lula aposta na injeção de crédito como uma estratégia para dinamizar o consumo e gerar um impacto positivo na economia. Ainda, ao mesmo tempo em que enfrenta desafios como o endividamento das famílias e o controle inflacionário. O desdobramento dessa política será acompanhado de perto por economistas e pelo mercado financeiro nos próximos meses.