Escândalo no judiciário

Com envolvimento suspeito de membros da corte, STF assume caso do Banco Master

Toffoli tira investigação de R$ 17 bilhões das mãos da Justiça Federal e leva para o Supremo exatamente quando surgem revelações de que esposa de Alexandre de Moraes e ex-ministro Lewandowski tinham (ou têm) contratos com o banco de Daniel Vorcaro

toffoli

O caso ganhou repercussão nacional com a deflagração da Operação Compliance Zero, pela Polícia Federal, em 18 de novembro de 2025. Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master, foi preso no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, ao tentar embarcar para Dubai, um dia após o Banco Central decretar a liquidação extrajudicial da instituição. A operação investiga a emissão e cessão de títulos de crédito falsos, com indícios de fraudes na casa dos R$ 17 bilhões, envolvendo a venda de carteiras de crédito inexistentes ao Banco de Brasília (BRB) por meio de uma empresa de fachada chamada Tirreno.

A PF apreendeu mais de R$ 230 milhões em bens e identificou sobreposições de CPFs em créditos insubsistentes, configurando um esquema de lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro. Vorcaro ficou detido por 11 dias e foi solto em 28 de novembro, por decisão liminar da desembargadora Solange Salgado, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), com medidas cautelares como uso de tornozeleira eletrônica e proibição de deixar o país. O Ministério Público Federal (MPF) recorreu da decisão, argumentando a necessidade de prisão para garantir a ordem pública.

Outros executivos do banco, como o diretor de Riscos Luiz Antônio Bull, também foram liberados nas mesmas condições. O presidente do BRB foi afastado de suas funções em meio às apurações, e o banco aceitou uma restituição de R$ 6,7 bilhões da Tirreno em parcelas mensais, o que a PF interpreta como indício de conivência em um “empréstimo” ao Master.

Toffoli decreta sigilo e leva caso para o Stf

Em 2 de dezembro, Toffoli elevou o grau de sigilo de um pedido da defesa de Vorcaro para o nível máximo, transformando o processo em confidencial total. No dia seguinte, 3 de dezembro, o ministro atendeu a uma reclamação da defesa, transferindo toda a investigação da Justiça Federal de Brasília para o STF. O argumento central: a citação de um deputado federal com foro por prerrogativa de função nas investigações, o que atrairia a competência originária da Corte.

Diante de investigação supostamente dirigida contra pessoas com foro por prerrogativa de função, conforme inclusive já noticiado pela mídia formal, fixada está a competência da corte constitucional“, justificou Toffoli em sua decisão, que também determina que a PF submeta novas diligências à aprovação prévia do STF, até manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR). A medida inclui comunicação imediata ao diretor-geral da PF, ao juízo da 10ª Vara Federal de Brasília, ao TRF-1 e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde tramita um habeas corpus da defesa.

Críticos apontam que a distribuição do processo para Toffoli, em vez do ministro Nunes Marques (que relatava a investigação envolvendo o parlamentar), pode alterar o rumo das apurações. Toffoli, conhecido por decisões que impactaram operações como a Lava Jato, agora detém controle absoluto sobre o caso, o que a oposição classifica como “enterro” de uma investigação sensível.

Conexões suspeitas: esposa de Moraes e Lewandowski no Banco Master

O que torna o caso ainda mais polêmico são as revelações de laços diretos entre o Banco Master e figuras do STF. O escritório de advocacia Barci de Moraes, comandado pela esposa do ministro Alexandre de Moraes, Viviane Barci de Moraes, e pelos dois filhos do casal, representou o banco em diversas ações judiciais. Embora o banco não divulgue valores ou detalhes dos contratos, Viviane atuou em pelo menos 30 processos no STF, sem registros públicos de envolvimento direto com o Master na Corte – mas fontes confirmam sua representação em instâncias inferiores.

Além disso, após sua aposentadoria do STF em 2023, o ex-ministro Ricardo Lewandowski foi contratado pelo Banco Master com salário estimado em R$ 100 mil mensais. Essas contratações levantam questionamentos sobre potenciais conflitos de interesse, especialmente agora que o caso migrou para o STF, onde Moraes e outros ex-colegas de Lewandowski atuam. A defesa de Vorcaro não se manifestou sobre as ligações, citando o sigilo processual.

Vorcaro, um empresário de perfil extravagante – com participações em empresas como Fasano do Itaim, Will Bank e 26% da SAF do Atlético Mineiro –, já havia chamado atenção por gastos milionários, como R$ 15 milhões em uma festa de 15 anos de sua filha e a compra de uma mansão em Orlando por US$ 37 milhões.

Integridade de ministros do STF em Xeque

A decisão de Toffoli provocou reações imediatas. O deputado Carlos Jordy (PL-RJ) criticou o sigilo como uma “caixa-preta” que esconde escândalos envolvendo elites políticas e financeiras. A defesa de Vorcaro busca suspender a Operação Compliance Zero no STF, enquanto o MPF pressiona por colegiado no TRF-1 para rever a soltura.

O caso expõe fragilidades no sistema financeiro, judiciário e no foro privilegiado, com o BRB sob risco de prejuízos bilionários e investidores aguardando esclarecimentos. Resta saber se o STF, agora no centro do furacão, conseguirá conduzir as apurações com a imparcialidade exigida pela sociedade.

Fontes consultadas incluem reportagens do Metrópoles, Veja, O Tempo, G1, ConJur e UOL. O caso segue em sigilo, com atualizações pendentes de novas decisões judiciais.

Guia do Investidor

O portal Guia do Investidor foi criado com o intuito de trazer informação para quem precisa: aqueles que precisam aprender sobre educação financeira, investidores iniciantes, amadores, traders de longa data e todo público voltado para o mercado financeiro. E levando informação, levamos conhecimento, que consequentemente, leva a resultados, ou seja, lucro. E consequentemente, este lucro traz benefícios reais na vida de cada cidadão;

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