
- Lula admite preocupação crescente da população com a violência urbana
- Criminalidade, especialmente o roubo de celulares, é um dos principais medos dos brasileiros
- Governo lança campanha, mas enfrenta ceticismo sobre efetividade
A crescente onda de criminalidade nas grandes cidades brasileiras fez com que o presidente Lula da Silva finalmente incluísse a segurança pública em seu discurso.
Durante um evento no Ceará, Lula afirmou que não permitirá que a “república de ladrões de celular” amedronte a população. No entanto, a declaração foi recebida com ceticismo por especialistas e analistas políticos, que apontam para a inércia histórica do PT e do governo federal na área.
O atraso na percepção da realidade
A segurança pública tem sido uma das principais preocupações da população nos últimos anos. Pesquisas indicam que os brasileiros sentem que a violência tem piorado. Em março de 2024, uma enquete da Quaest mostrou que 79% dos entrevistados perceberam um aumento da criminalidade.
Outro levantamento do Datafolha apontou que a segurança pública voltou ao topo das preocupações nas capitais. Apesar disso, até então, o governo federal se manteve distante da questão, alegando que a responsabilidade é dos Estados.
A falta de uma ação concreta por parte do governo central deixou a população exposta a crimes cada vez mais violentos.
O roubo e furto de celulares, por exemplo, deixaram de ser apenas um problema financeiro e se tornaram uma ameaça à privacidade e à segurança pessoal, com bandidos acessando dados bancários e documentos sensíveis das vítimas.
Discurso de confronto e medidas superficiais
Ao tentar ajustar sua comunicação, Lula adotou um discurso mais firme contra a criminalidade.
“Lugar de bandido não é na rua assaltando, assustando e matando as pessoas”, declarou, numa tentativa de se contrapor às críticas da oposição e atrair eleitores preocupados com a violência.
O governo também anunciou o aplicativo “Celular Seguro”, desenvolvido pelo Ministério da Justiça para bloquear e localizar dispositivos roubados.
Porém, a ação foi vista como insuficiente. O problema da violência urbana vai muito além de uma ferramenta digital. Analistas destacam que faltam medidas efetivas, como o fortalecimento das polícias estaduais, investimentos em inteligência e um combate mais rigoroso ao crime organizado.
Mudança de posicionamento ou estratégia política?
O discurso mais duro sobre segurança também reflete um movimento estratégico do PT. Segundo Jilmar Tatto, secretário nacional de Comunicação do partido, há um esforço para mudar a abordagem sobre o tema:
“O PT até agora não achou embocadura para esse tema, mas o governo, depois de muitos debates, não está mais tendo essa confusão. Bandido tem que ser julgado e ir para a cadeia, seja pobre ou rico”.
A estratégia busca reduzir a vulnerabilidade política do governo em relação ao tema e frear a ascensão de adversários que exploram a insegurança para atrair eleitores.