Pressão do mercado

Com medo da Lei Magnistky, bancos apelam para Banco Central

Encontros ocorrem após a aplicação de sanções reacender o temor de restrições ao sistema financeiro brasileiro.

Gabriel Galípolo
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  • Banco Central reuniu Itaú, Santander e Bradesco após novas sanções dos EUA
  • Bancos perderam R$ 41,3 bilhões em valor de mercado com anúncio inicial da Magnitsky
  • Visa Brasil também participou de encontro, sujeita a restrições da lei americana

O Banco Central acelerou os diálogos com os principais bancos do país e com a Visa Brasil, um dia depois de os Estados Unidos ampliarem o uso da Lei Magnitsky contra autoridades brasileiras.

A iniciativa ocorre em meio a fortes pressões do mercado, que teme novos reflexos das sanções internacionais sobre empresas financeiras e sobre a relação do Brasil com investidores estrangeiros.

Bancos em alerta

O presidente do BC, Gabriel Galípolo, marcou reunião nesta terça-feira (23) com executivos de Itaú, Santander e Bradesco. O encontro terá a participação de Isaac Sidney (Febraban) e dos presidentes das três instituições privadas.

Embora o BC tenha afirmado que serão tratados “assuntos institucionais”, o encontro acontece logo após a inclusão da esposa do ministro Alexandre de Moraes e da empresa Lex Instituto de Estudos Jurídicos na lista de sanções dos EUA.

Além disso, vale lembrar que, em agosto, os bancos brasileiros perderam R$ 41,3 bilhões em valor de mercado em apenas um dia depois do anúncio inicial da Magnitsky. Esse precedente reforça o nervosismo dos investidores.

Visa também na pauta

No mesmo dia, o diretor de Fiscalização do BC, Ailton De Aquino Santos, se reuniu em São Paulo com representantes da Visa Brasil. A escolha do momento não é casual, já que as bandeiras americanas de cartão de crédito estão diretamente sujeitas às determinações da Magnitsky.

Segundo o BC, a pauta formal seria de supervisão. Entretanto, executivos do setor reconhecem que, diante do cenário, qualquer medida vinda de Washington pode afetar diretamente operações no Brasil.

Por isso, a avaliação é de que os encontros buscam transmitir confiança e mostrar que a autoridade monetária está acompanhando de perto os riscos regulatórios.

Impactos e incertezas

As sanções recentes, aplicadas como retaliação pelo governo Donald Trump, ampliaram as tensões entre Brasil e Estados Unidos. Para analistas, a medida pode afetar a credibilidade do sistema financeiro e gerar dificuldades adicionais para empresas que dependem de parcerias internacionais.

Nesse contexto, o BC procura se antecipar para evitar turbulências maiores. A manutenção da estabilidade financeira é considerada essencial, sobretudo em meio ao ambiente de juros altos e incertezas cambiais.

Ainda assim, permanece o alerta: a crise diplomática pode escalar e atingir setores mais amplos da economia, caso novas restrições sejam implementadas nos próximos meses.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.