
- Banco Central reuniu Itaú, Santander e Bradesco após novas sanções dos EUA
- Bancos perderam R$ 41,3 bilhões em valor de mercado com anúncio inicial da Magnitsky
- Visa Brasil também participou de encontro, sujeita a restrições da lei americana
O Banco Central acelerou os diálogos com os principais bancos do país e com a Visa Brasil, um dia depois de os Estados Unidos ampliarem o uso da Lei Magnitsky contra autoridades brasileiras.
A iniciativa ocorre em meio a fortes pressões do mercado, que teme novos reflexos das sanções internacionais sobre empresas financeiras e sobre a relação do Brasil com investidores estrangeiros.
Bancos em alerta
O presidente do BC, Gabriel Galípolo, marcou reunião nesta terça-feira (23) com executivos de Itaú, Santander e Bradesco. O encontro terá a participação de Isaac Sidney (Febraban) e dos presidentes das três instituições privadas.
Embora o BC tenha afirmado que serão tratados “assuntos institucionais”, o encontro acontece logo após a inclusão da esposa do ministro Alexandre de Moraes e da empresa Lex Instituto de Estudos Jurídicos na lista de sanções dos EUA.
Além disso, vale lembrar que, em agosto, os bancos brasileiros perderam R$ 41,3 bilhões em valor de mercado em apenas um dia depois do anúncio inicial da Magnitsky. Esse precedente reforça o nervosismo dos investidores.
Visa também na pauta
No mesmo dia, o diretor de Fiscalização do BC, Ailton De Aquino Santos, se reuniu em São Paulo com representantes da Visa Brasil. A escolha do momento não é casual, já que as bandeiras americanas de cartão de crédito estão diretamente sujeitas às determinações da Magnitsky.
Segundo o BC, a pauta formal seria de supervisão. Entretanto, executivos do setor reconhecem que, diante do cenário, qualquer medida vinda de Washington pode afetar diretamente operações no Brasil.
Por isso, a avaliação é de que os encontros buscam transmitir confiança e mostrar que a autoridade monetária está acompanhando de perto os riscos regulatórios.
Impactos e incertezas
As sanções recentes, aplicadas como retaliação pelo governo Donald Trump, ampliaram as tensões entre Brasil e Estados Unidos. Para analistas, a medida pode afetar a credibilidade do sistema financeiro e gerar dificuldades adicionais para empresas que dependem de parcerias internacionais.
Nesse contexto, o BC procura se antecipar para evitar turbulências maiores. A manutenção da estabilidade financeira é considerada essencial, sobretudo em meio ao ambiente de juros altos e incertezas cambiais.
Ainda assim, permanece o alerta: a crise diplomática pode escalar e atingir setores mais amplos da economia, caso novas restrições sejam implementadas nos próximos meses.