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Começa hoje tarifa de 50% contra o Brasil: veja o que será sobretaxado e o que ainda escapa

Sobretaxa imposta por Trump atinge mais de 3,8 mil itens; exportadores correm para salvar embarques e evitar prejuízos bilionários.

Trump
  • Tarifas de 50% já valem para produtos que não embarcaram até 1h da madrugada de hoje
  • Carne bovina e café devem ser os setores mais afetados pelas sobretaxas
  • Brasil recebeu o maior percentual de tarifas adicionais entre todos os países atingidos

A sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, determinada por Donald Trump, entrou oficialmente em vigor nesta quarta-feira (6). Assim, a medida atinge mais de 3,8 mil itens e já provoca tensão no setor exportador, especialmente nos segmentos de alimentos e químicos.

A nova regra vale para qualquer embarque feito após 1h da manhã (horário de Brasília). Com isso, exportadores correm contra o tempo para rever contratos, buscar rotas alternativas e evitar prejuízos bilionários no curto prazo.

Entenda o corte e quem ainda escapa

As regras definidas pelo governo americano são claras: apenas mercadorias embarcadas até 6 de agosto, 1h da manhã no Brasil, correspondente a meia-noite em Nova York, estão livres da nova tarifa de 50%. Isso significa que qualquer atraso de logística, mesmo por horas, já implica na aplicação da sobretaxa.

Além disso, produtos embarcados até 7 de agosto ainda podem escapar da taxação, desde que desembarquem em território americano até 5 de outubro. No entanto, especialistas alertam que esse prazo é curto para rotas marítimas mais longas. Mercadorias que já estão armazenadas nos EUA também ficam isentas, contanto que saiam para consumo até a mesma data-limite.

Desse modo, Morvan Meirelles Costa Júnior, especialista em comércio exterior, reforça que a data de embarque e chegada precisa estar documentada de forma precisa. “O Fisco americano está cruzando datas com dados aduaneiros. Não haverá tolerância para exceções”, afirmou.

Itens atingidos e setores mais expostos

A lista completa dos produtos afetados inclui 95 categorias e mais de 3.800 itens. Entre os mais atingidos estão carne bovina, café verde, celulose, soja processada, etanol, madeira serrada e uma vasta gama de químicos industriais.

Além disso, o Brasil foi o país que mais recebeu sobretaxas. A alíquota de 50% representa um acréscimo de 40 pontos percentuais à tarifa-base de 10% definida anteriormente. Apesar de exceções para produtos como aviões, gás natural, fertilizantes e suco de laranja, esses itens representam menos da metade da pauta exportadora.

Portanto, a Confederação da Agricultura (CNA) já sinalizou que o impacto no agronegócio será severo. “Setores inteiros estão revendo a viabilidade das exportações. Os custos para manter contratos ativos subiram muito de um dia para o outro”, disse a entidade em nota.

Carne e café enfrentam cenário crítico

A exportação de carne bovina deve ser a mais atingida. Desde janeiro, já havia tarifa de 26,4% sobre o produto. Com o novo decreto, o total chega a 76,4%. Isso torna o produto brasileiro praticamente inviável no mercado americano.

Ademais, segundo a Abiec, o segundo maior mercado da carne brasileira está em risco. “A margem caiu a zero. Estamos avaliando suspender temporariamente parte dos embarques”, afirmou a associação.

O setor cafeeiro também se mobiliza. Os EUA representam cerca de 30% do destino do café brasileiro. Desse modo, a taxa de 50% pode reduzir drasticamente as vendas. Marcos Matos, do Cecafé, afirma que “essa tarifa é um ataque direto ao maior produtor global.”

Cenário político e tentativa de reação

Apesar da gravidade, a dependência brasileira dos EUA caiu nas últimas décadas. Em 2002, o país representava 25% das exportações nacionais. Hoje, esse número gira em torno de 12%. A China, por outro lado, já absorve mais de 28% dos produtos brasileiros.

Além disso, Trump justificou as medidas como resposta à “perseguição política” sofrida por Jair Bolsonaro. Ele acusou o governo Lula e o STF de romperem com os princípios democráticos. Para o ex-presidente americano, o Brasil precisa “pagar pelas escolhas que fez.”

Por fim, o Itamaraty ainda tenta negociar exceções, mas analistas avaliam que o gesto foi político e sem espaço para recuo no curto prazo.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.