Insegurança entre empreendedores

Comércios e autônomos deixam de aceitar PIX, com receio de impostos

Transações acima de R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para empresas são reportadas, gerando insegurança entre empreendedores.

Comércios e autônomos deixam de aceitar PIX, com receio de impostos
  • A Receita Federal agora monitora transações acima de R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para empresas, incluindo o Pix
  • Pequenos empresários temem autuações e consideram abandonar o Pix devido a especulações sobre a fiscalização
  • A Receita assegura que a fiscalização é focada em transações de maior valor, sem intenção de monitorar pequenos empresários

Desde 1º de janeiro de 2025, a Receita Federal passou a monitorar com mais rigor as transações financeiras realizadas no Brasil, incluindo as feitas por meio do sistema de pagamento Pix.

A nova regulamentação determina que movimentações mensais que ultrapassem R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para empresas sejam reportadas diretamente ao Fisco.

Essa medida, no entanto, visa intensificar o combate à sonegação fiscal, mas gerou apreensão. Especialmente, entre pequenos comerciantes e trabalhadores autônomos. Contudo, que temem autuações injustas e maior fiscalização sobre seus negócios.

Preocupação

A principal preocupação desses empreendedores é que o aumento da fiscalização possa levar a autuações por suposta sonegação fiscal. Especialmente, no caso de quem realiza transações sem a devida emissão de nota fiscal.

Muitos deles estão reconsiderando o uso do Pix como forma de pagamento, com receio de que a medida traga implicações negativas para seus negócios. No entanto, a Receita Federal tem tentado esclarecer que o objetivo das novas normas é focar nas transações de maior valor e não em operações menores, realizadas por pequenos empresários.

Robinson Barreirinhas, secretário da Receita Federal, explicou que o órgão não tem interesse em fiscalizar de forma repressiva comerciantes de pequeno porte.

“Não há intenção de fiscalizar pequenos empresários de forma agressiva. Nosso objetivo é orientar os contribuintes a se regularizarem quando necessário”, afirmou.

Apesar das explicações oficiais, rumores nas redes sociais, como especulações sobre uma possível tributação do Pix e o aumento no Imposto de Renda, contribuíram para o aumento do medo e da insegurança entre os empreendedores.

Mudanças na legislação

Embora a legislação brasileira não tenha sofrido mudanças que justifiquem a recusa do Pix como forma de pagamento, os comerciantes têm liberdade para escolher os meios de pagamento que preferirem.

Alguns podem até optar por oferecer descontos para pagamentos feitos em dinheiro, por exemplo, como forma de atrair mais clientes. No entanto, a Receita Federal deixa claro que comerciantes que realizam vendas sem a devida emissão de nota fiscal podem ser monitorados de maneira mais rigorosa.

A Receita Federal também reforçou que o monitoramento das transações financeiras não é uma novidade. As novas regras são uma ampliação de normas já existentes, com foco no combate à sonegação fiscal em operações de maior porte.

“A Receita Federal não tem nenhum interesse em saber o detalhamento de quanto você recebeu por Pix, quem passou o dinheiro para você ou onde você gastou. Nosso foco são as operações suspeitas”, afirmou Robinson Barreirinhas.

A coleta de informações tem como objetivo combater a sonegação em transações de grande valor, e não vigiar trabalhadores informais ou pequenos empresários.

Especialistas na área de contabilidade recomendam que os pequenos comerciantes continuem utilizando o Pix, pois ele é uma forma prática e eficiente de realizar transações financeiras.

Além disso, o sistema é amplamente aceito pelos consumidores, o que facilita a vida dos empreendedores. Para evitar problemas com a Receita Federal, esses especialistas sugerem que os comerciantes busquem orientação contábil para garantir que estão em conformidade com as novas regras.

Implementação

Desde a implementação das novas regras, alguns comerciantes relataram uma redução no uso do Pix por parte dos clientes, possivelmente devido ao medo gerado pela fiscalização. Contudo, não há dados concretos que provem uma queda significativa nas transações via Pix.

O sistema de pagamento, lançado em 2020 pelo Banco Central, consolidou-se rapidamente como uma das formas preferidas de pagamento no Brasil. Principalmente pela sua agilidade e pela ausência de taxas para pessoas físicas.

Para ajudar a esclarecer dúvidas, a Receita Federal disponibilizou canais de atendimento e tem promovido campanhas informativas com o objetivo de desmistificar os boatos. Além de fornecer informações corretas à população.

O órgão se compromete a garantir que os pequenos empresários não sejam prejudicados e que as novas regras sejam aplicadas de forma justa e transparente.