- Em 2024, as famílias brasileiras gastaram R$ 49,3 bilhões com materiais escolares, um aumento de 43,7% nos últimos quatro anos
- 85% das famílias com filhos em idade escolar afirmam que as compras afetam seu orçamento, com 38% dizendo que o impacto é grande
- 35% dos entrevistados planejam parcelar as compras de materiais escolares em 2025, com a classe C liderando essa opção (39%)
As famílias brasileiras enfrentam um aumento expressivo nas despesas com materiais escolares, que, em 2024, somaram R$ 49,3 bilhões.
Esse valor representa um crescimento de 43,7% em relação aos últimos quatro anos, segundo uma pesquisa inédita realizada pelo Instituto Locomotiva e QuestionPro.
O estudo, que entrevistou 1.461 pessoas em todo o país, revela que a compra de materiais escolares impacta diretamente o orçamento de 85% das famílias brasileiras com filhos em idade escolar.
Além disso, uma tendência crescente é o parcelamento das compras. Com um a cada três compradores afirmando que recorrerá a essa alternativa para dar conta dos custos do ano letivo de 2025.
Crescimento dos gastos e impacto no orçamento
O levantamento destaca que, de acordo com as famílias entrevistadas, a compra de materiais escolares se tornou uma despesa cada vez mais relevante.
Entre 2021 e 2024, o valor gasto com esses itens saltou de R$ 34,3 bilhões para os atuais R$ 49,3 bilhões.
João Paulo Cunha, diretor de Pesquisa do Instituto Locomotiva, ressalta que, embora muitos associem os custos com materiais escolares às famílias de classe média e alta, a realidade é bem diferente, especialmente nas escolas públicas.
“Muita gente acha que os pais de alunos em escolas públicas não têm gastos com material ou uniforme. Porém, a maioria acaba tendo que complementar os materiais fornecidos pelas escolas, o que também impacta o orçamento familiar”, afirma Cunha.
A pesquisa revela que os materiais escolares solicitados pelas escolas (87%), uniformes (72%) e livros didáticos (71%) são os itens mais comprados pelas famílias.
A classe B é responsável por R$ 20,3 bilhões em gastos, e a classe C, por R$ 17,3 bilhões, representando juntas 76% do total gasto com materiais escolares.
A Região Sudeste concentra 46% dos gastos, seguida pelo Nordeste com 28%, enquanto a Região Norte registra apenas 5% da despesa total.
A difícil escolha entre formas de pagamento
O impacto financeiro é mais forte nas famílias da classe C, com 95% dos entrevistados dessa faixa de renda afirmando que os gastos com materiais escolares impactam o orçamento.
De maneira geral, 38% dos entrevistados afirmam que as compras para o ano letivo têm “muito impacto” nas finanças da casa. Enquanto 47% indicam que esse impacto é “algum”. Somente 15% dos participantes disseram que não sentem efeito no orçamento familiar.
Com o aumento dos custos, muitas famílias precisarão recorrer ao crédito para bancar as despesas. De acordo com a pesquisa, 35% dos entrevistados afirmam que vão parcelar as compras de materiais escolares para o ano de 2025.
Na classe C, esse percentual sobe para 39%, enquanto nas classes A e B, a maior parte dos entrevistados (71%) optará por pagar à vista.
A opção pelo parcelamento reflete a dificuldade de administrar um orçamento apertado. Dessa forma, com muitas famílias tendo que recorrer a alternativas de pagamento mais acessíveis para conseguir arcar com as compras.
O reflexo da alta inflação
Esse aumento nos gastos com materiais escolares reflete a pressão inflacionária que tem afetado a economia brasileira nos últimos anos.
Os preços de produtos essenciais, como papelaria, uniformes e livros, subiram consideravelmente. Assim, forçando as famílias a adaptar seus orçamentos para cobrir essas despesas.
A pesquisa também mostra que, para muitas famílias, o recurso ao parcelamento é a única alternativa para conseguir realizar as compras necessárias para o início do ano letivo, sem comprometer ainda mais a saúde financeira da casa.
João Paulo Cunha enfatiza que o impacto no orçamento das famílias será sentido ao longo do ano, com muitos pais tendo que buscar alternativas como o crédito ou utilizar reservas financeiras para cobrir os gastos.
“Cada família vai se arranjar de uma forma diferente, mas o fato é que, para a maioria, o peso das compras escolares no orçamento doméstico é significativo”, conclui.
Reflexo do cenário econômico
O levantamento realizado pelo Instituto Locomotiva e QuestionPro destaca uma tendência crescente de elevação nos gastos com materiais escolares e revela um panorama preocupante sobre a situação financeira das famílias brasileiras.
O aumento dos custos, somado à alta inflação, tem exigido que as famílias se reconfigurem financeiramente, recorrendo a parcelamentos ou utilizando reservas para cobrir as despesas de volta às aulas.
Para 2025, a expectativa é de que a situação continue desafiadora para muitas famílias, que terão que lidar com um cenário econômico complicado, mas ainda assim, o desejo de garantir uma boa educação para seus filhos continua sendo uma prioridade.