Possíveis consequências

Condenação de Bolsonaro pode redefinir cenário político e acirrar tensões no Brasil; entenda

Eurasia aponta risco de sanções americanas, protestos intensos e fortalecimento de Tarcísio de Freitas como alternativa da direita.

bolsonaro pensativo
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  • Eurasia projeta novas sanções americanas após a condenação de Bolsonaro.
  • Consultoria prevê protestos intensos em 7 de setembro, com risco de confrontos.
  • Tarcísio de Freitas desponta como alternativa, mas enfrenta resistência da família Bolsonaro.

O julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) já é tratado como um divisor de águas pela consultoria Eurasia. Para os analistas, a condenação do ex-presidente deve ocorrer ainda em setembro, com pena de prisão superior a 30 anos. O processo envolve também outros sete réus acusados de tentar articular um golpe de Estado após a derrota eleitoral de 2022.

Embora a defesa de Bolsonaro tente levar o caso ao plenário do STF, a consultoria avalia que as chances de sucesso são baixas. A análise aponta que o placar será fechado ainda no início da votação da 1ª Turma da Corte, composta por cinco ministros. O único ponto de incerteza, segundo a Eurasia, é a possibilidade de Luiz Fux pedir vista, o que atrasaria a decisão em até 90 dias.

Pressão internacional e sanções

A primeira consequência esperada é o avanço de sanções vindas dos Estados Unidos. O governo Donald Trump já aplicou tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e puniu Alexandre de Moraes, ministro do STF, pela Lei Magnitsky. Agora, a Eurasia acredita que o cerco deve se intensificar, com suspensões de vistos e até medidas contra o Banco do Brasil.

O impacto seria direto sobre a relação entre Brasília e Washington. Para a consultoria, a pressão americana fortalece a narrativa de perseguição política usada por Bolsonaro, mas também isola o Brasil em negociações comerciais estratégicas. O efeito imediato pode ser sentido no câmbio e na percepção de risco dos investidores.

Ainda que as medidas não tenham sido confirmadas oficialmente, o histórico de sanções em casos semelhantes reforça a expectativa de um endurecimento no curto prazo. Isso cria instabilidade no mercado e amplia a incerteza sobre a condução da política externa.

7 de setembro no centro das atenções

A segunda consequência envolve a escalada da tensão política nas ruas. O Dia da Independência, celebrado em 7 de setembro, deve concentrar atos em Brasília, em São Paulo e em outras capitais. O governo organizará o tradicional desfile militar, enquanto partidos de esquerda mobilizam manifestações pela democracia.

Do outro lado, apoiadores de Bolsonaro programam grandes protestos, incluindo um comício robusto na Avenida Paulista, com presença confirmada do governador Tarcísio de Freitas. A participação dele reforça a ligação com a base bolsonarista e sinaliza sua disposição em disputar espaço nacional.

A Eurasia alerta que a sobreposição de atos em um ambiente polarizado aumenta o risco de confrontos. A leitura é de que o 7 de setembro pode se tornar o momento mais crítico do ano em termos de instabilidade política.

A vez de Tarcísio de Freitas?

A terceira consequência destacada é o fortalecimento de Tarcísio como herdeiro natural da direita. Para a consultoria, a condenação de Bolsonaro pressiona líderes partidários a buscar alternativas, e o governador paulista surge como o nome mais competitivo.

No entanto, a transição não será simples. A base de Bolsonaro se mantém fiel e continua vendo o julgamento como perseguição, o que consolida o ex-presidente como cabo eleitoral decisivo em 2026. Ainda assim, a influência dele pode migrar para candidatos próximos, desde que tenham compromisso explícito com um eventual indulto.

A incerteza sobre a lealdade do campo bolsonarista também pesa. Eduardo Bolsonaro se mostra resistente ao fortalecimento de Tarcísio e pode estimular divisões internas caso não tenha espaço para concorrer.

O peso da família Bolsonaro

A quarta consequência diz respeito à disputa interna no clã Bolsonaro. Para a Eurasia, uma candidatura de Michelle ou de Flávio teria menos apelo eleitoral, mas garantiria unidade em torno da família. Já Eduardo, considerado o mais combativo, poderia desafiar diretamente Tarcísio, mesmo que impedido de concorrer, incentivando uma cisão no grupo.

Esse embate interno adiciona incerteza ao tabuleiro da direita. Enquanto a possibilidade de Tarcísio ganhar espaço cresce, a falta de consenso dentro da família pode fragmentar a oposição e abrir brechas para rivais.

A consultoria ressalta que o campo bolsonarista não desaparecerá com a condenação. Pelo contrário, pode se reorganizar de forma mais radicalizada e resiliente, reforçando sua capacidade de mobilização.

A incógnita da anistia

A quinta consequência está ligada à discussão no Congresso sobre uma eventual anistia. O Partido Liberal de Bolsonaro tenta aprovar um projeto que beneficiaria não apenas manifestantes do 8 de janeiro, mas também o próprio ex-presidente.

Contudo, as chances de aprovação são vistas como mínimas. Líderes do Congresso já se posicionaram contra, especialmente após pressões e ameaças de Eduardo Bolsonaro envolvendo sanções americanas. A leitura da Eurasia é de que apenas uma versão limitada, restrita a militantes de base, poderia avançar, mas somente após a condenação.

Assim, a possibilidade de Bolsonaro escapar da prisão por meio de anistia ampla segue fora do horizonte político imediato. A medida ainda dependerá de negociações com o STF e do apoio do governo, o que parece improvável neste momento.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.