Crise na argentina

Congresso argentino abre comissão especial para desvendar escândalo da criptomoeda LIBRA

Com 128 votos a favor, a medida promete convocar altos cargos do governo, enquanto acusações de fraude e investigações paralelas já movimentam o setor das criptomoedas no país, onde investidores perderam milhões na desvalorização do ativo.

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javier milei7
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A Câmara dos Deputados da Argentina aprovou nesta terça-feira (8) três projetos de resolução que determinam a criação de uma comissão especial para investigar o escândalo envolvendo a criptomoeda LIBRA. O tema, que vem gerando repercussão na sociedade argentina, tem abalado o governo do presidente Javier Milei desde fevereiro. “O momento chegou para que o Congresso audite se houve algum prejuízo à Argentina: estamos comprometidos com a verdade”, afirmou o deputado Pablo Juliano durante o debate parlamentar, reforçando a importância da investigação para esclarecer o caso.

A aprovação contou com 128 votos a favor, enquanto 93 parlamentares se posicionaram contra a criação da comissão e 7 optaram por se abster. Esse resultado demonstra a intensidade dos debates no Congresso, com diversas opiniões sobre as ações do governo e as implicações econômicas e políticas do escândalo envolvendo o token LIBRA.

Em meio a esse cenário, a oposição e os aliados de Milei se posicionaram de maneiras bem distintas. O deputado Gabriel Bornoroni, do partido La Libertad Avanza, defendeu o presidente, afirmando que o objeto da investigação seria mais um espetáculo da oposição. “Eles estão incomodados com o fato de termos tido superávit fiscal durante todo o ano de 2024 — e neste ano também”, declarou, minimizando as acusações e defendendo a gestão atual.

A comissão especial terá um papel crucial na apuração dos fatos. Ela irá convocar autoridades-chave do governo, incluindo o ministro da Economia, Luis Caputo, e o ministro da Justiça, Mariano Cúneo Libarona. Além disso, serão chamados o chefe de gabinete, Guillermo Francos, e Roberto Silva, presidente da Comissão Nacional de Valores Mobiliários da Argentina. Estes encontros prometem ser decisivos para reunir elementos que ajudem a esclarecer se houve, de fato, prejuízo ao erário e quais os vínculos entre o governo e os responsáveis pelo projeto da criptomoeda. A comissão também está autorizada a solicitar informações diretamente ao governo nacional, ampliando assim o escopo da investigação.

O início da história

A crise envolvendo a criptomoeda LIBRA teve início após o presidente Milei promover, em sua conta oficial no X (antigo Twitter), uma memecoin baseada na Solana. Essa ação ocorreu quase dois meses antes da aprovação da comissão, gerando uma série de questionamentos e dúvidas no mercado financeiro e entre os investidores. O projeto, classificado por Milei como um “projeto privado” com o objetivo de impulsionar o crescimento econômico argentino por meio do financiamento de startups, chegou a atingir um valor de mercado de US$ 4,5 bilhões. Contudo, em apenas algumas horas, entre os dias 14 e 15 de fevereiro, o token despencou quase 90%, causando grandes perdas.

Logo após o colapso, o presidente Milei apagou a postagem de promoção do LIBRA, alegando desconhecimento dos detalhes do projeto. Entretanto, os prejuízos foram significativos: cerca de 75 mil carteiras sofreram perdas superiores a US$ 250 milhões. Diante dessa queda abrupta, a denúncia por fraude foi apresentada em um tribunal criminal argentino, intensificando a pressão por respostas e esclarecimentos sobre a conduta dos envolvidos.

A comissão especial do Congresso argentino não é o único mecanismo investigativo instaurado para desvendar o caso. Paralelamente, uma apuração judicial está em curso para investigar possíveis vínculos entre o presidente Milei e os desenvolvedores da LIBRA.

Em março, por exemplo, um advogado argentino entrou com um pedido de prisão contra Hayden Davis, CEO da Kelsier Ventures, alegando que ele teria apresentado o projeto a Milei durante uma reunião em janeiro, o que suscita dúvidas sobre uma possível relação direta entre os rumos do token e as decisões governamentais.

Além disso, no início deste mês, um escritório de advocacia sediado em Nova York iniciou uma convocação a investidores interessados em apoiar uma ação coletiva. Essa iniciativa evidencia que os desdobramentos do escândalo LIBRA estão ultrapassando as fronteiras argentinas e impactando o cenário internacional, envolvendo atores do mercado financeiro e jurídico em múltiplas jurisdições.

Vale destacar que o incidente com o token LIBRA não é o primeiro episódio que envolve o presidente Milei e as criptomoedas. Em 2022, o presidente também enfrentou um processo movido por investidores após promover a CoinX, uma plataforma de investimentos em cripto que prometia retornos elevados, mas que não conseguiu entregar os resultados anunciados. Esses episódios reiteram as controvérsias em torno da atuação de Milei no universo das criptomoedas e evidenciam um padrão de riscos que vêm provocando desconfiança por parte de parte dos investidores e setores regulatórios.

Fernando Américo
Fernando Américo

Sou amante de tecnologias e entusiasta de criptomoedas. Trabalhei com mineração de Bitcoin e algumas outras altcoins no Paraguai. Atualmente atuo como Desenvolvedor Web CMS com Wordpress e busco me especializar como fullstack com Nodejs e ReactJS, além de seguir estudando e investindo em ativos digitais.

Sou amante de tecnologias e entusiasta de criptomoedas. Trabalhei com mineração de Bitcoin e algumas outras altcoins no Paraguai. Atualmente atuo como Desenvolvedor Web CMS com Wordpress e busco me especializar como fullstack com Nodejs e ReactJS, além de seguir estudando e investindo em ativos digitais.