Economia doméstica

Consumo das famílias dispara em junho e surpreende o varejo: veja o que cresceu

Mesmo com inflação dos alimentos acima da média, brasileiros mantêm consumo em alta; cesta básica recua pela primeira vez em 9 meses.

Crédito: Depositphotos.
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  • Consumo nos lares subiu 2,83% em junho sobre 2024, com alta de 2,63% no semestre, mesmo com inflação dos alimentos acima da média.
  • Famílias migraram para produtos de maior valor, com menos busca por itens baratos; padrão deve continuar nos próximos meses.
  • Cesta de consumo caiu 0,43% em junho, encerrando uma sequência de 9 meses de alta; renda extra sustentou poder de compra.

O consumo nos lares brasileiros cresceu 2,83% em junho de 2025 na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (24) pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Nesse sentido, o avanço, que também representou alta de 1,07% sobre maio, confirma uma tendência de resiliência nas compras mesmo diante de pressões inflacionárias.

Sendo assim, no acumulado do primeiro semestre, o consumo subiu 2,63%. O vice-presidente da Abras, Marcio Milan, apontou que, apesar da inflação elevada nos alimentos, os consumidores continuaram comprando. Desse modo, a principal estratégia foi a substituição de marcas, sem redução no volume consumido.

Famílias resistem à inflação e mudam padrão de consumo

O grupo de alimentos e bebidas acumulou alta de 3,69% no semestre, acima da inflação oficial, que ficou em 2,99% no mesmo período. Mesmo assim, as famílias não reduziram suas compras em quantidade. De acordo com Milan, houve troca de produtos, com os consumidores buscando preços mais vantajosos.

Além disso, com a melhora no mercado de trabalho e o alívio em alguns preços, como frutas e hortaliças, junho marcou uma inflexão. Assim, a classe média, por exemplo, migrou de itens mais baratos para produtos de faixa intermediária e até de maior valor agregado.

Na categoria de mercearia, produtos com preço baixo perderam espaço. Já as faixas de preço médio e alto ganharam participação. Por fim, o mesmo ocorreu com os perecíveis: quase 60% do consumo já se concentra nas opções mais valorizadas, segundo a Abras.

Cesta recua após 9 meses de alta

Outro dado relevante foi a leve deflação registrada no Abrasmercado, indicador que acompanha 35 produtos de largo consumo. Em junho, a cesta caiu de R$ 823,37 para R$ 819,81, uma retração de 0,43%. Foi a primeira queda em nove meses, o que pode sinalizar um respiro para o bolso das famílias.

Ademais, mesmo com esse alívio, os preços acumulam alta de 3,18% no ano. Por isso, a Abras ressalta que o comportamento de consumo continua sendo influenciado por fatores conjunturais, como liberação de recursos e estímulos de renda.

Portanto, Milan acredita que a tendência vista em junho pode se repetir nos próximos meses. “As famílias continuam comprando, com mais confiança e escolhendo melhor. Então, se houver manutenção da renda e controle de preços, a retomada será sustentável”, disse.

Auxílios e renda extra sustentam o consumo

Segundo a Abras, o crescimento do consumo foi sustentado por “recursos extraordinários” injetados na economia. Entre os fatores citados estão o reajuste do salário mínimo, saques do FGTS, repasses do Bolsa Família e do Auxílio-Gás, além das restituições do Imposto de Renda e do 13º antecipado do INSS.

Além disso, essas medidas ajudaram especialmente as classes mais baixas a manterem o consumo, mesmo com os alimentos ainda pressionados. Isso se refletiu na composição da cesta de compras, com equilíbrio entre itens básicos e produtos de maior valor.

Portanto, as variações regionais também chamaram atenção. O Sudeste registrou a maior queda nos preços da cesta de 35 itens, com recuo de 0,79% em junho. Já na cesta básica com 12 produtos, a queda foi de 0,48%, puxada por reduções no arroz, óleo de soja e leite longa vida.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.