
- Aneel confirma bandeira vermelha 2 para agosto, com custo extra de R$ 7,87 por 100 kWh
- Conta de luz ficará mais cara pelo terceiro mês consecutivo
- Energia pode pressionar IPCA e dificultar cortes na taxa Selic
A conta de luz vai pesar ainda mais no bolso dos brasileiros em agosto. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) anunciou nesta sexta-feira (25) o acionamento da bandeira vermelha patamar 2, o nível mais alto de cobrança extra por consumo de eletricidade.
Nesse sentido, a decisão aumentará em R$ 7,87 o custo para cada 100 kWh consumidos, somando-se à sequência de reajustes iniciada com a vigência da bandeira vermelha 1 em junho.
Crise hídrica obriga uso de térmicas
Segundo a Aneel, o principal motivo para o acionamento da bandeira mais cara é a queda nas afluências, volume de chuvas, abaixo da média histórica em todo o país. Isso compromete a capacidade de geração das hidrelétricas, obrigando o uso de usinas termelétricas, que possuem custo bem mais elevado.
“Esse quadro tende a elevar os custos de geração de energia, devido à necessidade de acionamento de fontes mais onerosas”, justificou a agência. Além disso, a situação dos reservatórios preocupa autoridades e especialistas do setor, que já esperam efeitos duradouros na tarifa ao longo do segundo semestre.
Desse modo, pela primeira vez desde outubro de 2024, ativaram a bandeira vermelha patamar 2. O sistema de bandeiras tarifárias visa sinalizar ao consumidor o real custo da geração elétrica, além de estimular o uso consciente da energia.
Impacto direto no IPCA e na Selic
Com a tarifa de energia elétrica subindo, os efeitos devem atingir diretamente o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). A inflação de julho e agosto já deve refletir os impactos do aumento, o que dificulta os planos de redução da Selic pelo Banco Central.
“Ainda vai piorar. Energia será o destaque nas próximas divulgações do IPCA”, alertou Andréa Angelo, estrategista da Warren Investimentos. Assim, o cenário pressiona não apenas os consumidores, mas também as decisões de política monetária, em um momento em que o mercado esperava continuidade na queda dos juros.
Ademais, os custos elevados impactam empresas com grande consumo energético, principalmente na indústria. Desse modo, o risco de repasses aos preços finais pode ampliar os efeitos inflacionários nos próximos meses, em um ciclo vicioso difícil de reverter sem recuperação dos níveis hídricos.
Racionamento ainda não está no radar
Apesar do cenário negativo, o governo e a Aneel descartam, por enquanto, qualquer possibilidade de racionamento de energia. A matriz elétrica brasileira é considerada diversificada, e há margem para cobrir o consumo por outras fontes.
Contudo, a utilização prolongada das termelétricas eleva os gastos do setor e pode comprometer o orçamento público, já que parte do custo pode ser compensado com subsídios. Especialistas alertam para a necessidade de campanhas mais efetivas de conscientização sobre o uso racional da energia.
Portanto, a Aneel, por sua vez, reforçou em nota: “É fundamental que os consumidores estejam atentos à importância do uso eficiente e consciente da energia elétrica.”