
- Encargos e custos das distribuidoras pressionam o valor final das tarifas.
- Diferenças nos contratos e investimentos geram variação nas tarifas regionais.
- Energia solar e práticas de eficiência ajudam, mas nem todos conseguem acessá-las.
O custo da energia elétrica deve subir em boa parte do país ao longo de 2025, com reajustes médios projetados entre 4,67% e 13%, dependendo da distribuidora e da região. A estimativa parte da TR Soluções, empresa especializada em análise tarifária, e ganhou força após alertas da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee).
O aumento pode começar a aparecer nas contas a partir de maio, quando muitas distribuidoras iniciam o ciclo anual de revisão tarifária. Além disso, a projeção de alta afeta especialmente os consumidores do Grupo B, que inclui residências e pequenos comércios.
Encargos setoriais e distribuição pressionam tarifas
O principal fator por trás do reajuste vem do aumento nos encargos setoriais, como a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que banca subsídios para programas sociais, tarifa social, geração em regiões isoladas e fontes renováveis. Em 2025, a CDE pode subir mais de 23%, segundo dados da TR Soluções.
Além disso, há impacto da chamada Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD). Dentro dela, o item “fio B”, que cobre os custos operacionais das distribuidoras, também sofreu elevação e pode subir até 7,26% neste ano. Essa combinação impulsiona o valor repassado aos consumidores.
Portanto, mesmo sem aumento no consumo, as contas mensais de energia devem pesar mais no orçamento familiar a partir do segundo trimestre.
Variação regional pode atingir até 13%
Embora a média nacional de reajuste fique próxima de 4,67%, o impacto não será igual em todo o Brasil. Regiões com menor densidade populacional ou com distribuidoras que investiram mais em infraestrutura podem sofrer aumentos mais acentuados. Em alguns casos, os reajustes podem atingir até 13%, como indica levantamento da Revista Oeste.
Por outro lado, algumas localidades podem ter reduções simbólicas, inferiores a 3%, o que ainda assim não neutraliza a tendência de alta nacional.
Segundo especialistas do setor, os reajustes dependem de fatores como perda de receita com inadimplência, variação cambial, contratos de longo prazo com geradoras e custos operacionais específicos de cada concessionária.
Consumidor deve sentir impacto no cotidiano
Diante desse cenário, a população deve preparar o bolso. Um aumento médio de 10% na conta de luz pode significar até R$ 30 a mais por mês para famílias com consumo em torno de 200 kWh — o que representa um peso adicional no orçamento de camadas mais vulneráveis.
Além do impacto direto no lar, o reajuste pode influenciar outros setores da economia, como comércio e serviços. Comércios pequenos e médios que dependem de refrigeração, iluminação constante ou funcionamento noturno devem sofrer com margens ainda mais apertadas.
Alternativas e medidas para reduzir gastos
Diante da alta, muitos consumidores buscam formas de economizar. Especialistas recomendam adotar práticas de eficiência energética, como substituir lâmpadas incandescentes por LED, desligar aparelhos da tomada e revisar equipamentos com consumo elevado.
Outra alternativa em expansão é a energia solar residencial, que já cresce em diversos estados. Mesmo com o fim de incentivos integrais para novos sistemas, a economia a longo prazo ainda compensa, segundo o Canal Solar. Famílias que instalam painéis podem reduzir em até 90% o valor da conta de luz, dependendo do sistema adotado.
Contudo, a instalação de energia solar ainda exige um investimento inicial elevado, o que torna a alternativa inacessível para parte da população.
Governo acompanha reajustes, mas ainda sem medidas diretas
O governo federal, até o momento, não anunciou medidas para conter os reajustes previstos para este ano. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) continua acompanhando os processos de revisão tarifária e afirma que os reajustes seguem fórmulas definidas por contrato.
Entidades como a Abradee defendem que o atual modelo de financiamento da CDE e de subsídios precisa ser reavaliado, para evitar que os encargos continuem pesando apenas na conta do consumidor final.
Já associações de defesa do consumidor cobram mais transparência e pedem que o governo busque soluções estruturais para frear o avanço contínuo da energia no Brasil.