
- Brasil corre risco de perder competitividade sem um mercado de carbono definido
- Tarifas climáticas já estão em vigor na União Europeia e podem se expandir para outros blocos
- COP30 em Belém será decisiva para o papel do país na economia verde global
O Brasil se aproxima da COP30 em Belém em posição delicada. Apesar de ter uma das matrizes energéticas mais limpas do planeta, segue sem aprovar um sistema nacional de precificação de carbono. Esse atraso pode sair caro, pois blocos econômicos como União Europeia e China já adotam mecanismos de taxação climática.
Especialistas alertam que a pressão internacional pode transformar um problema ambiental em um desafio econômico. Empresas brasileiras de aço, cimento, soja e carne estão entre as mais vulneráveis, podendo sofrer perda de contratos e restrição de acesso a mercados estratégicos se não apresentarem planos robustos de descarbonização.
A nova pressão global
A União Europeia já implementou o Carbon Border Adjustment Mechanism (CBAM), que taxa produtos importados de países sem políticas climáticas adequadas. A China prepara medidas semelhantes.
Na prática, exportadores brasileiros podem ser taxados duas vezes: pela ausência de regulação interna e pelas barreiras externas.
Ademais, segundo Tony Goldner, CEO da Taskforce on Nature-related Financial Disclosures (TNFD), a falta de coordenação global na precificação pode gerar um colapso sistêmico em cadeias produtivas.
Desse modo, ele reforça que risco climático já é risco financeiro, afetando valuations e carteiras de investimento.
O dilema brasileiro
O país vive um paradoxo. De um lado, tem vantagens comparativas, como o potencial da bioeconomia amazônica e a regeneração de pastagens degradadas. De outro, ainda não definiu seu Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), travado no Congresso.
Sendo assim, se avançar, o Brasil pode transformar essas vantagens em competitividade global.
Já se atrasar, ficará marginalizado e pode pagar a conta em forma de tarifas, perda de valor e menor acesso a financiamento verde.
O que esperar da COP30
A conferência em Belém será mais do que uma reunião climática. Especialistas afirmam que ela pode definir as regras econômicas das próximas décadas.
Ademais, para empresas brasileiras, significa adaptar-se ou enfrentar barreiras crescentes.
Por fim, o desafio vai além da regulação. O risco reputacional também ganhou peso: companhias sem comprovação de sustentabilidade podem perder contratos milionários em mercados exigentes, como o europeu.