
- Dólar liderou com 51,3% das negociações no Brasil no semestre
- Mundial de Clubes da Fifa nos EUA gerou pico de demanda em junho
- Moedas latino-americanas como peso argentino e colombiano dispararam
Free from desire? Que nada! Na contramão do que diz o refrão chiclete que acompanhou o torneio da FIFA durante as últimas semanas, o dólar voltou a ser o grande protagonista desejado nas operações de câmbio realizadas no Brasil em 2025. Assim, segundo levantamento da Travelex Confidence, a moeda americana respondeu por 51,3% do volume total negociado no primeiro semestre do ano, mantendo sua liderança folgada entre os brasileiros.
O destaque vai para o mês de junho, que registrou alta de 38% nas transações com dólar em relação ao mesmo mês de 2024. Portanto, o principal fator para esse movimento, de acordo com a corretora, foi a realização do Mundial de Clubes da FIFA nos Estados Unidos, que atraiu milhares de torcedores e turistas brasileiros.
Mundial de Clubes fez o dólar disparar
A edição 2025 do Mundial de Clubes da FIFA foi disputada entre 14 de junho e 13 de julho, nos EUA, e contou com quatro clubes brasileiros: Palmeiras, Flamengo, Botafogo e Fluminense. A movimentação de torcedores rumo ao país da competição impulsionou significativamente a procura por dólares no país.
Além disso, segundo Jorge Arbex, diretor da Travelex Confidence, muitos brasileiros anteciparam a compra da moeda não apenas para acompanhar o torneio, mas também para estender a viagem com turismo. “O dólar continua sendo a porta de entrada para viagens internacionais. E quando há eventos desse porte nos EUA, a demanda dispara”, explica.
Sendo assim, ainda que o volume do dólar tenha recuado 0,6% em relação ao segundo semestre de 2024, houve avanço de 2,6% na comparação com o 1º semestre do mesmo ano. Isso mostra que, mesmo com taxa de câmbio elevada, a moeda americana continua sendo prioridade absoluta entre os brasileiros.
Desse modo, junho, em especial, puxou esse crescimento. Logo, a procura por dólares superou em 16% a média de 2024, sinalizando que eventos internacionais seguem influenciando diretamente a movimentação cambial no país.
Moedas latinas crescem com turismo regional
Apesar da hegemonia do dólar, outras moedas ganharam espaço nas casas de câmbio. O euro aparece em segundo lugar no ranking, com 39,8% do volume negociado, embora tenha registrado queda de 4,6% ante o mesmo período do ano anterior. A libra esterlina ficou com 3%, mas caiu quase 20% na comparação anual.
Ademais, entre as moedas latino-americanas, o peso argentino (ARS) teve crescimento impressionante de 101,9% frente ao 1º semestre de 2024. Já o peso colombiano (COP) avançou 10,7% no mesmo intervalo. Para Arbex, isso revela a busca por destinos mais acessíveis e próximos.
“O turismo regional tem crescido bastante. Países como Argentina, Chile e Colômbia oferecem custo-benefício competitivo, principalmente para famílias que buscam viajar sem comprometer tanto o orçamento”, afirma o executivo.
Por outro lado, moedas como o dólar canadense (-15,7%), o dólar australiano (-22,7%) e o iene japonês (-11,3%) apresentaram retração significativa, reflexo de menor demanda por destinos considerados caros ou distantes.
Diversificação e tendências para o segundo semestre
O levantamento também mostra que brasileiros estão começando a diversificar as moedas adquiridas, mesmo que o dólar e o euro continuem dominando as transações. A soma dessas duas moedas representou mais de 91% do volume total negociado no semestre.
Além disso, a expectativa é que, no segundo semestre, o dólar siga forte devido à recuperação econômica dos EUA e à demanda turística. Já o peso colombiano (COP) e o peso argentino (ARS) devem continuar avançando, sustentados pelo turismo regional de baixo custo e pelas promoções das companhias aéreas.
Apesar da volatilidade do câmbio, o comportamento do consumidor revela padrão claro: eventos internacionais e oportunidades de lazer seguem como principais impulsionadores da compra de moeda estrangeira no país. Portanto, para o mercado, a tendência é que o dólar mantenha a dianteira — mas a América Latina vem ganhando espaço.