
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou nesta quarta-feira (29) a elevação da taxa básica de juros, a Selic, em 1 ponto percentual, de 12,25% para 13,25% ao ano. A decisão, a primeira de 2025 e a primeira liderada pelo novo presidente do BC, Gabriel Galípolo, mantém o ciclo de alta iniciado em 2024, em linha com a política contracionista adotada para conter a inflação.
Galípolo, indicado pelo presidente Lula, substituiu Roberto Campos Neto e sinalizou a continuidade da estratégia de “juros mais altos por mais tempo”. O BC projetou, na última ata do Copom, mais duas elevações de 1 ponto percentual até março, o que levaria a Selic a 14,25% ao ano, o maior patamar desde outubro de 2016.
A decisão reflete a preocupação do Copom com a resiliência da economia e o aquecimento do mercado de trabalho, que, com o desemprego no menor nível da série histórica, pressionam a inflação. A alta dos juros é o principal instrumento para frear o aumento dos preços, que impacta diretamente o poder de compra dos brasileiros.
No entanto, o aumento da Selic pode ter efeitos colaterais. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) alerta que o custo do crédito mais alto dificulta investimentos em máquinas, equipamentos e capital de giro, impactando a produção industrial. Em comunicado divulgado na terça-feira (28), a CNI classificou o aumento da Selic como “a crônica de uma morte anunciada” da cultura dos juros altos, destacando que a medida desconsidera os esforços fiscais e econômicos em curso e pode gerar “efeitos negativos sobre a criação de emprego e renda”.
Segundo a entidade, um aumento de 1 ponto percentual na Selic elevará o custo da dívida bruta federal em R$ 50 bilhões, conforme estimativas do próprio BC. A CNI também destacou a importância do pacote de corte de gastos aprovado pelo Congresso no fim de 2024, que prevê economia de até R$ 70 bilhões em despesas primárias federais até 2026, além de novas medidas prometidas pelo governo para garantir o equilíbrio fiscal.
A decisão do Copom ocorre em um cenário de pressão inflacionária, agravada pela depreciação do real, que reagiu de forma exagerada ao pacote fiscal do governo, segundo a CNI. Com a Selic em alta, o desafio será equilibrar o controle da inflação com a manutenção do crescimento econômico e do emprego.