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Correios acumulam prejuízo de R$ 1,7 bilhão no 1º trimestre e ampliam rombo fiscal

Estatal dobra perdas em relação a 2024 e enfrenta alta de custos, queda na receita e aumento de despesas operacionais.

Correios
  • Correios fecharam o 1º trimestre de 2025 com rombo de R$ 1,7 bilhão, crescimento de 115% em relação ao ano anterior.
  • Queda na receita, aumento de custos e crescimento das despesas financeiras e administrativas.
  • Especialistas defendem reestruturação, modernização e controle de gastos como única saída para evitar colapso financeiro.

Os Correios fecharam o primeiro trimestre de 2025 com um prejuízo de R$ 1,7 bilhão. O valor representa mais do que o dobro das perdas registradas no mesmo período do ano passado, revelando uma crise que se agrava mesmo com o suporte da União.

Queda na receita e aumento de custos

Segundo relatório divulgado na sexta-feira (30), a estatal ampliou em 115% o prejuízo acumulado entre janeiro e março. Em 2024, o déficit havia sido de R$ 801 milhões. Agora, o rombo ultrapassa a marca de R$ 1,7 bilhão, sinalizando um desequilíbrio estrutural mais grave.

Esse aumento expressivo tem algumas causas centrais. Em primeiro lugar, houve uma queda na receita líquida, que recuou de R$ 4,5 bilhões para R$ 3,9 bilhões. Em segundo lugar, os custos com serviços prestados subiram de R$ 3,8 bilhões para R$ 4 bilhões. Isso afetou diretamente o caixa da empresa.

Além disso, as despesas administrativas cresceram de R$ 1 bilhão para R$ 1,2 bilhão. Ao mesmo tempo, os gastos com vendas passaram de R$ 424 milhões para R$ 466 milhões. Até mesmo as despesas financeiras aumentaram fortemente, saltando de R$ 138 milhões para R$ 283 milhões.

Pressão fiscal e risco de colapso

O prejuízo dos Correios compromete o desempenho fiscal das estatais federais. Somente a estatal respondeu por mais de 60% dos R$ 2,73 bilhões de deficit acumulado pelas empresas públicas até abril de 2025, de acordo com o Banco Central.

Embora o relatório da empresa aponte que a continuidade das operações está assegurada, especialistas veem um cenário preocupante. Isso porque os Correios mantêm uma estrutura inchada, baixa produtividade e enfrentam concorrência acirrada no setor de logística e encomendas.

Mesmo com políticas de subsídio cruzado e parcerias com órgãos governamentais, o modelo de negócio mostra sinais de esgotamento. A diversificação de serviços ainda é tímida, e os investimentos em tecnologia têm sido lentos. Enquanto isso, a digitalização das comunicações reduz a demanda por serviços postais tradicionais.

Nesse contexto, o suporte da União, embora importante, não soluciona os problemas centrais. Pelo contrário, aumenta a pressão sobre as contas públicas, que já estão sob vigilância devido ao cenário de ajuste fiscal.

Estratégias contestadas e futuro indefinido

No documento, os Correios tentam passar uma imagem de confiança. A estatal cita fatores “estruturais” e a lógica de tarifas subsidiadas como garantias de estabilidade. Contudo, essas estratégias vêm sendo duramente criticadas por analistas do setor.

A modernização interna, prometida em anos anteriores, não saiu do papel. Os avanços em serviços logísticos e digitais ainda não se refletem nas receitas. Tentativas de atuar com marketplaces e serviços financeiros esbarram em limitações técnicas e burocráticas.

Ao mesmo tempo, o governo resiste à ideia de privatização. Porém, precisa lidar com as crescentes críticas ao repasse de recursos para uma empresa que acumula prejuízos sucessivos. O debate sobre o papel das estatais, portanto, volta à tona com força.

Para evitar um colapso, especialistas defendem ações urgentes. Redução de despesas, cortes estruturais, melhora na eficiência e digitalização real são vistos como caminhos inevitáveis. Caso contrário, a estatal corre o risco de tornar-se insustentável a médio prazo.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.