- Economistas da Ativa Investimentos alertam para semelhanças entre os cenários econômicos de 2024 e 2013, levantando temores de nova recessão no Brasil
- O pacote fiscal de 2024 é considerado insuficiente, com a necessidade de ajustes fiscais profundos para restaurar a confiança e a previsibilidade econômica
- A combinação de câmbio depreciado e juros altos agrava a crise de confiança e limita o crescimento econômico, projetando apenas 1% de crescimento do PIB em 2025
- A falta de investimentos privados e públicos, aliada ao endividamento crescente, pode desacelerar ainda mais a economia brasileira e prolongar a estagnação
As semelhanças entre os cenários econômicos de 2013 e 2024 têm gerado preocupações sobre a possibilidade de o Brasil enfrentar uma nova recessão nos próximos anos.
Em um alerta emitido por economistas da Ativa Investimentos, a crise fiscal, a elevação do endividamento público e o descontrole das expectativas inflacionárias estão moldando um ambiente de incerteza. No entanto, que lembra os desafios econômicos enfrentados durante o governo Dilma Rousseff.
De acordo com Étore Sanchez, Guilherme Sousa e Matheus Alexandre, os sinais de deterioração da confiança econômica e a crescente fragilidade das contas públicas indicam que o Brasil pode estar caminhando para uma recessão. Contudo, semelhante àquela vivida há mais de uma década.
Combinação de fatores
A Ativa Investimentos destaca que, em 2024, o Brasil lida com uma combinação perigosa de fatores econômicos: políticas fiscais expansivas, déficits fiscais persistentes e um câmbio altamente depreciado. Ainda, com o dólar superando a marca de R$ 6.
Esse quadro é agravado pela desancoragem das expectativas de inflação, uma situação que lembra as dificuldades econômicas do período que culminou na crise de 2014. Dessa forma, quando o país entrou em recessão técnica.
Para os economistas da Ativa, a falta de rigor fiscal, a ampliação do tamanho do Estado e o crescente endividamento público estão criando um ciclo vicioso. Que pode, portanto, resultar em uma nova perda de confiança nos mercados e na sociedade.
Pacote fiscal
O governo anunciou em 2024 um pacote fiscal para combater o desequilíbrio das contas públicas, mas os economistas o consideraram insuficiente para enfrentar o déficit fiscal crescente.
Segundo os economistas, “ajustes fiscais mais profundos e estruturais são indispensáveis para restaurar a credibilidade e a previsibilidade econômica”. Dessa forma, destacando que a atual situação do Brasil exige reformas que sinalizem um compromisso real com a responsabilidade fiscal.
Para Sanchez, Sousa e Alexandre, os paralelos entre o período atual e o governo de Dilma Rousseff são evidentes.
Durante esse período, o aumento do tamanho do Estado e os déficits sistemáticos enfraqueceram ainda mais a disciplina fiscal. Assim, colocando em risco a estabilidade econômica.
Agora, a situação parece se repetir com a intensificação do “projeto parafiscal”, que, segundo os economistas, está avançando rapidamente.
Esse processo tem gerado uma falta de confiança no compromisso do governo com a sustentabilidade fiscal. Além de ampliado a pressão sobre a política monetária, com taxas de juros elevadas e expectativa de prolongamento dessa situação.
Crise de confiança
A crise de confiança também é alimentada pela conjuntura internacional e pela falta de investimentos internos. No entanto, que permanecem fracos devido ao ambiente econômico instável.
A Ativa Investimentos projetou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para 2025 em apenas 1%, devido ao câmbio desvalorizado e à expectativa de juros altos por um período prolongado.
Isso ocorre em um contexto onde tanto o setor privado quanto o Estado enfrentam dificuldades para gerar os investimentos necessários para impulsionar o crescimento econômico.
“A fraqueza nos investimentos da iniciativa privada, devido à falta de confiança, e do Estado, em função da exaustão fiscal, desacelerará o crescimento econômico, especialmente em um ambiente de política monetária restritiva”, afirmam os economistas.
Cenário de recuperação
Diante desse cenário, a recuperação da economia brasileira depende de medidas estruturais que mostrem compromisso com a sustentabilidade fiscal e a responsabilidade na gestão das contas públicas.
Para os especialistas da Ativa, sem um ajuste fiscal substancial, que envolva reformas que restabeleçam a confiança e a credibilidade do Brasil no cenário global, o país continuará a enfrentar desafios econômicos graves. Ainda, com uma perspectiva de crescimento modesto e riscos de estagnação prolongada.
Em suma, a análise dos economistas da Ativa Investimentos aponta que o Brasil precisa urgentemente de ajustes fiscais mais profundos. Além de reformas estruturais para evitar o aprofundamento da crise de confiança que pode levar a uma recessão semelhante àquela vivida no governo Dilma.
O país está em “uma encruzilhada”, e suas escolhas fiscais nos próximos anos serão cruciais para determinar o futuro econômico.